Manifesto pela Liberdade de Pensamento (em onze dias) 09

Mantendo-se uma visão crítica, percebe-se que Hegel e Marx apenas interpretaram a Dialética egocentrados em seus pontos de vista sobre a Realidade: leram o pouco que restou de Heráclito (fragmentos de seus discursos) por compreensão imediata. Se Hegel deludiu a primazia da Ideia na origem do universo e da Vida no universo, Marx negou dizendo ser a primazia ser da Matéria, Heráclito, em que ambos se baseiam, havia interpretado que há um LOGOS no sistema de Coisas Reais, percebendo uma inteligência organizando a matéria, que disse ser Deus, o que foi adotado por Hegel. GRPAPS O marxismo tem Certeza Absoluta de que não é Deus e pretende ter assumido a Realidade como independente do homem. Chamemos de Natureza o “SISTEMA DE COISAS REAIS definitivamente sem a presença do homem”: é preciso compreender também definitivamente que não há Palavras entre as Coisas da Natureza, embora sejam COISAS REAIS, coisas existentes que estimulam a mente humana.

A Palavra é um instrumento do homem para lidar com as Coisas da Natureza. Para uns, a Palavra é um instrumento criado pelo homem, para outros é um instrumento dado a ele; não importa, a Palavra é um Algo que se interpõe entre a mente humana e o Sistema de Coisas Reais, as coisas existentes, facilitando para alguns, mas dificultando para muitos, por falta de Conhecimento suficiente, a compreensão da Realidade a partir do pouco que dela é vivenciado. Qualquer regime de governo que leve cidadãos a compreender apenas parcialmente a Realidade e o que ocorre em seu entorno não é um socialismo.

A manipulação da mente de um homem por outro homem se torna possível a partir da má interpretação do que seja a Dialética. Se Heráclito nomeou “inteligência” ao pensamento que pensou existir organizando a Matéria na Natureza, não deu nome ao processo que percebeu na Natureza, “nada é, tudo está vindo a ser (devir)”; a Natureza se compõe de coisas que se opõem entre si e da luta dos contrários surge uma Harmonia. Heráclito não nomeou “dialética” a este processo, o nome surgiu muito mais tarde, embora se tenha mantido o crédito a ele. Apenas que, quem nomeou “dialética” a este processo se deixou levar por uma busca de Unidade e transformou para “da luta de contrários surge uma Unidade”, esquecendo o termo “harmonia”. Não interessa se foi Hegel o primeiro a ler “síntese”, é sempre pensado como quem tenha sido. É dele também uma grande parte da confusão atualmente existente a respeito da Dialética.

Resumindo exageradamente, do LOGOS heraclitiano derivaram-se vários sentidos para a mesma palavra: Logos, o Pensamento que organiza as Coisas na Natureza; logos, a Realidade duplicada na mente; Logos, o discurso, a fala que expressa o LOGOS internalizado. Logos (Fala) deu origem à Lógica (a ciência de Logos-Fala) e seus enunciados, como instrumento para pensar o LOGOS-CR, e é uma série de enunciados ou proposições e suas regras de uso. Não há definitivamente enunciados e proposições na Matéria, apenas expressão verbal resultante da leitura que dela se faça. O LOGOS heraclitiano não se refere a proposições da Lógica, mas ao motivo causal que faz com que, em condições necessárias presentes na Natureza, as sequências ordenadas ocorram. (continua)

Hegel leu Heráclito por compreensão imediata e na “inteligência regendo a ordenação das Coisas da Natureza” viu também a Palavra, que é ponto de vista a priori (o Verbo), que, por sua vez, induziu a leitura de a Lógica no seio da Natureza, sem ter se dado conta de que a Lógica é apenas um instrumento com o qual o homem consegue lidar com a expressão verbal (Palavra) de interpretações sobre LOGOS, para a tornar verossímel ao evento real que descreve. A Palavra é o primeiro instrumento de leitura da Natureza e suas Coisas Reais, a Realidade, interpondo-se entre a mente humana e a Realidade, sendo necessário outro instrumento para separar das expressões verbais sobre o Real o que são Fantasmas e suas deformações, e o que é logos (duplo mental de LOGOS) e para controlar as deformações que sofrem (os Fantasmas e logos) e os fazem se distanciar do que seja o Real.

Marx leu seus próprios pontos de vista em Hegel (compreensão imediata) , não constando que tenha feito uma revisão da Filosofia, não constando que tenha feito um estudo específico de Heráclito. Em O Capital cita Heráclito sem se referir a LOGOS, e na resposta a Proudhon (A Pobreza da Filosofia) confunde LOGOS com LÓGICA, tal como o leitor é induzido por Hegel. WMEDO

(Continua)

Gilberto Profeta
Enviado por Gilberto Profeta em 21/06/2014
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