CAMINHO, VERDADE E VIDA

A busca pela verdade e o percorrer de um caminho dentro da vida é traço comum a todos. E essa nossa caminhada reinicia-se ao lado daqueles que estão mais próximos de nós, dentro de nossas casas. São nossos familiares, consanguíneos, que nem sempre são aqueles que gostaríamos de ter como consortes, mas são com eles que precisamos nos reajustar.

O relacionamento familiar é desgastante e cheio de conflitos. Conviver sob o mesmo teto acordando, dormindo, fazendo as refeições juntos, aprendendo a dividir tempo e espaço, compartilhar opiniões diferentes, tudo isso vai se tornando uma rotina e por vezes gera desavenças. Mas é sob esse mesmo teto que estamos tendo, talvez, uma última chance de nos conciliarmos com aqueles os quais precisamos nos entender e restaurar o apreço que deixamos de ter. Dizemos que é a última chance porque as oportunidades dentro de determinadas circunstâncias e escalas, e as concessões do Alto podem sofrer grandes transformações se não nos empenharmos e fizermos nossa parte, mostrando disposição em operar.

Desconhecemos a causa dos desentendimentos com nossos transeuntes, mas a lei de atração e de retorno nos faz encontrar com as barreiras que criamos e nos conduz às origens das desavenças, partindo do ponto no qual erramos.

Vemos em nossa volta famílias felizes, irmãos que têm amizade um pelo outro; outras vezes, familiares brigando, desentendendo-se e até mesmo matando uns aos outros. Por que é que isso ocorre?

A Doutrina Espírita vem nos mostrar que em nossa caminhada evolutiva, intercalada por diversas reencarnações, se faz mister a convivência com outras pessoas, animais, outras nações e de vivermos em diversos mundos para aprendermos as diferentes ciências e a difícil arte de amar.

Emmanuel, no livro Mãos Unidas, da IDE__ Instituto de Difusão Espírita__, mensagem número 12, de título Resgate e Renovação, nos ensina que aquelas mãos que hoje nos apedrejam são as mesmas que ensinamos a ferir o próximo em outras eras quando o clarão da verdade não havia iluminado nosso discernimento, e os lábios que nos caluniam são os mesmos que adestramos na injustiça, auxiliando a condenação e que hoje vêm, mais uma vez junto de nós para que os ensinemos da forma correta: Mãos para amparar e voz para educar.

Sob o mesmo teto estão seres antipáticos que precisam se entender, conquistando o perdão um do outro e o auto perdão. Sob esse mesmo teto, também, vêm afetos e amizades pretéritas para nos ajudar transformar aqueles nós, de uma era longínqua, em laços suaves de fraternidade. Talvez, essas amizades e desafetos não estejam sob o mesmo teto, mas pode ser que seja um vizinho, um amigo, um professor, um aluno ou um membro da igreja que está ali, próximo, para dificultar o andar pressuroso ou reerguer-nos nas quedas do caminho.

A partir do momento que temos noção de certo e errado, legal e ilegal, se seguirmos qualquer caminho, será opção escolhida por nós. Quando deixamos o sentimento inferior nos dominar e escolhemos as veredas tortuosas, futuramente encontraremos aqueles aos quais prejudicamos, pois sempre prejudicamos alguém quando fazemos escolhas pérfidas, para assim conquistarmos o respeito dos corações que ferimos. Ninguém consertará nossos erros. Somos nós que teremos que fazê-lo.

Para o bom êxito da promessa, junto de nós, temos amigos, nossos anjos guardiães que nos ajudam, nos suscitando inspirações elevadas. Temos o Mestre Jesus que, ao contrário do que muitos pensam, não é nosso Salvador, pelo menos da forma que alguns o veem, pois para alguns, a partir do momento que Jesus veio e desencarnou na cruz levou consigo todos os pecados da humanidade. Seguindo essa corrente poderemos fazer tudo de agora em diante, já que Jesus nos perdoou e levou todos os nossos erros. Isso não faz sentido algum já que o próprio Jesus ressaltou que a cada um será dado segundo as suas obras. O Cristo nos deixa bem claro que cada um é que trilha o caminho, alcança a verdade, descobrindo o sentido e vivendo a vida.

Somos o caminho que seguimos e escolhemos. É o caminho que trilhamos que mostra quem somos. Somos a verdade em que queremos acreditar. Quando não queremos crer em algo, não adianta alguém tentar nos convencer. A verdade é conclusão individual e cada um tem a aquela que precisa e procura vivenciar. Somos a vida que queremos viver. Nossa vida ou nossa forma de vivê-la é nossa expressão e opção.

Ninguém vai ao pai por nós, em nosso lugar. Através do caminho que seguimos, da verdade na qual acreditamos e de nosso modo de vida é que podemos chegar ao pai ou nos distanciarmos dele...

Quando Jesus nos fala “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; Ninguém vai ao pai a não ser por mim”, vem destacar que Ele representa as Leis Divinas plenamente, e seus ensinamentos são essas próprias leis exemplificadas por Ele, e sem elas ninguém vai a Deus. Por isso é que se não entendermos Jesus não chegaremos a Deus. E para entendermos Jesus precisamos de várias reencarnações. Reencarnar é lei natural à qual todos nós estamos sujeitos.

Algumas reencarnações são suaves, outras atribuladas, algumas curtas e outras longas, mas cada uma com seu grau de peso e medida.

Alguns espíritos, no estado de erraticidade, (estado no qual o espírito aguarda uma nova reencarnação), ao perceberem a carga de trabalho que vão receber desistem de reencarnar, pois estão inseguros em relação à jornada. Por isso, às vezes, acontece os abortos espontâneos ou involuntários nos quais o espírito não se sentindo seguro desiste de sua provação. O ambiente durante esse período de gestação é essencial para o fortalecimento do espírito, assegurando-lhe amparo e a certeza de que será bem vindo no seio daquela família. Ao mesmo tempo é, também, uma provação para os pais, para que possam se cuidar mais em relação à alimentação, esforços e contendas. O espírito, sabedor de que um momento difícil está por vir, mas tendo esse amparo, decide vir ao mundo, pois sabe que será amado. Aí começa mais uma etapa de aprendizado e a decisão firme de uma família que está junta no propósito de acertar. Assim acontecendo, a chance de se ter êxito é muito maior.

Após o nascimento vem uma época essencial para a educação desse espírito. O que recebermos na infância, principalmente até aos sete e oito anos, moldará nossa personalidade. Renasceremos crianças, mas com toda nossa bagagem adquirida em outras estadias dentro de um corpo. Não reencarnamos em outra pessoa, mas em outro corpo, moldado por nós e para nós, espíritos.

Após a infância, os ímpetos e tendências irrompem, mas dependendo do que tiver sido trabalhado, eles terão se purificado ou continuam como antes da reencarnação, voltados para as paixões inferiores.

Quando saímos da infância e entramos na fase adulta começam-se as

preocupações e ocupações com nosso mundo. São chegados os momentos das escolhas e das decisões...

Seria bom mesmo se fôssemos crianças para sempre. Quem não gostaria, não é? Ser criança é tão bom! A única preocupação é brincar, se divertir, encontrar os amiguinhos de escola, ir ao parque, comer guloseimas, assistir desenhos e todas essas coisas deliciosas da vida. Mas sabe de uma coisa? Nós podemos fazer isso depois de crescidos, também. Podemos ser crianças para sempre. Não podemos ser o tempo todo porque senão o mundo para, já que alguém tem que trabalhar, fazer compras, arrumar a casa, pagar as contas, mas depois de tudo isso podemos brincar à vontade que não é vergonha nenhuma. Perder a inocência e a pureza de criança, uma vez que o Cristo de Deus nos falou que devíamos nos fazer crianças para entrarmos no Reino dos Céus, é ser um adulto amargurado.

As crianças perdoam com facilidade, mesmo após ter levado umas palmadas, voltam a sorrir rapidamente e esquecem as ofensas. Contentam-se com as coisas simples da vida e são sinceras aos seus sentimentos. Temos muito a aprender com o brilho dourado de seus olhos. São pequenas criaturas que ficam extasiadas com pequenos gestos que dispensamos a elas.

Procure insistentemente pela criança que reside dentro de você, e não tenhamos acanho de deixar aflorar nossa inocência e entender a criança, orientando-a de forma a educá-la para a vida.

A criança deve estar em constante observação. Às vezes, não prestamos atenção em nossos pequenos que ficam muito tempo em silêncio ou acabrunhados. No limite do silêncio de uma criança pode surgir um ser rancoroso e colérico. Façamos de tudo para identificar os distúrbios de uma infância para não nos culparmos posteriormente, evitando dissabores. Quando eles ocorrem, ficamos a nos lembrar das vezes que ela queria nos falar alguma coisa, desabafar, mas não damos muita atenção, não tivemos tempo. Aí, então, percebemos nossa ausência na vida de nossos filhos.

E você, será que não tem alguém querendo falar com você? Ou será que você não está com vontade de dizer algo a alguém? Talvez esteja com saudades de um amigo ou amiga e gostaria de ligar, enviar uma carta ou e-mail. Faça isso agora. Talvez tenha ficado um mal entendido entre você e outras pessoas, explique-se e justifique-se. Ainda há tempo.

Você, hoje, já deu aquele abraço e beijo demorados na pessoa que está do seu lado ou em sua frente. Olhe bem para ela, porque talvez você não a verá por um bom tempo. Pode ser que seja sua despedida.

Você mãe, pai, filho já deu aquele bom dia carregado de amor àqueles que moram tanto tempo junto de ti e talvez você nunca os tenha visto de verdade e nem olhado para eles?

E aquela pessoa que nos ofendeu, nos magoou, mentiu, nos enganou. Será que não está arrependida e esteja esperando apenas uma oportunidade para se aproximar de nós, esperando que a nossa aura da paz emane para se achegar? Não tenhamos medo de fazer essas coisas e não as deixemos para depois. Quando nossos corações nos disserem que é chegada a hora, então é esse o momento, mas precisamos trabalhar e educar nossos corações... E não nos esqueçamos que o coração tem razões que a própria razão desconhece, ou simplesmente não consegue explicar.

E se acaso a pessoa para a qual queríamos dizer algo já partiu, abracemo-la em nossos pensamentos, envolvendo-a com ternura.

O tempo nosso aqui na Terra é muito curto. Não o desperdice com tolices. Saiba que há uma linha muito tênue entre a vida e a morte, a razão e a loucura, entre o ódio e o amor, o rancor e o perdão, entre o céu e o inferno.

Cruzar esta linha ou escolhermos de qual lado queremos permanecer é decisão nossa, e as conseqüências, inevitavelmente, serão nossas, também.