A VIDA FORA E DENTRO DA MATÉRIA

A obsessão, que é a influência que alguns espíritos desencarnados exercem nos encarnados, é um inimigo desconhecido e ignorado por muitos. No processo obsessivo, os espíritos procuram e se infiltram em nossas sombras, ou seja, em nossas imperfeições, paixões inferiores, pontos fracos, para, através deles, nos dominarem e incitarem-nos à permanência no erro para nos virem sofrer. Fazem isso por vingança e porque estão infelizes e querem que outros o sejam também, acreditando que isso os fará sentir-se melhor. Devido a isso é necessário termos cuidado e estarmos vigilantes e procurar a cada dia nos melhorarmos.

Uma das medidas a ser adotada dentro do Espiritismo para o encerramento da ação obsessiva é a reunião de desobsessão, onde se faz uma orientação, dos dois pólos, à luz do Evangelho de Jesus.

Um trabalho de doutrinação espiritual consiste em evidenciar o valor da vida para encarnados e desencarnados, fazendo com que se sintam peças importantes do Poder da Criação, despertando neles a vontade de reagir e mudar, e através do perdão e da reforma íntima, a animosidade que une esses dois pólos vai se desfazendo.

No trabalho de Doutrinação Mediúnica, onde o mentor da reunião, com o apoio dos amigos espirituais e de encarnados atuam intensamente, o médium não deve gritar, esbravejar com a entidade, mas sim falar de paz, de amor, sem melosidade, para que o espírito se acalme e sinta-se amado, entendendo que quando ele obseda não é feliz e está desperdiçando seu tempo, que deveria ser aproveitado na busca de sua melhoria. É importante a conscientização do irmão desencarnado que ninguém é feliz prejudicando alguém. No que concerne à obsessão, somos nós que abrimos campo para os espíritos desnorteados entrarem. Quando xingamos, falamos palavrões, usamos drogas, maquinamos maldades, bebemos, pensamos negativamente, assistimos cenas violentas e notícias degradantes, estaremos chamando por esses que coadunam com as ondas vibratórias dessas situações.

Patrulhando nos arredores do mundo, constatamos que muitos desses que são chamados de loucos estão sendo controlados por um espírito ou por uma falange, e todos têm chance de se livrarem dessas perturbações causticantes, mas a dificuldade está na pertinácia e na renitência, e em abjetos propósitos que obstam a interferência dos espíritos de escol.

Para toda obsessão há possibilidade de cura. Em nome de Deus e do Mestre Jesus, com estudo de mediunidade e da moralização de cada um, médium, encarnado e desencarnado podem encerrar essas ações obsessivas e trazerem de volta a tranqüilidade àqueles que se perderam nos rancores de suas almas, nos quais relacionamentos são avariados e famílias são desestruturadas. Se concentrar na ação direcionada para o bem, acreditando na bondade e no arrependimento de todos os envolvidos nesse enredo, é trabalho produtivo a desfazer a trama. E podemos ter certeza de que não há um espírito sequer que não tenha tido um momento feliz, que recebeu um carinho, uma palavra amiga ou um gesto fraterno. Quando conseguir ver isto será o começo da libertação. Mas antes de mostrarmos isso à eles é preciso que vejamos o bem em nós, em tudo e em todos. Será que estamos acreditando na bondade alheia e na regeneração de nossos irmãos, falando agora também de encarnados, ou vivemos a julgá-los, discriminando-os, disfarçadamente?

Ao saírem das grades de uma prisão, ex detentos se deparam com um mundo de ferro aqui fora. Com raras exceções, empresas e órgãos não dão oportunidades a eles de recomeçarem. Fecham as portas e matam suas esperanças de renascimento. Eles são vistos pelo que fizeram e não pelo que podem fazer. O mesmo ocorre com ex dependentes químicos.

Um dia destes, ao sair de casa, vi uma situação um tanto quanto desconcertante. Dois policiais, ao encontrarem com um homem que usava roupas surradas, simples, e que levava uma espécie de marmita em uma de suas mãos, pararam-no e revistaram-no, pois suspeitaram dele. Será que se ele estivesse bem vestido, de terno, gravata, dentro de um automóvel novo, os policiais procederiam daquela forma? Será que somente os de pouco poder aquisitivo, de pele negra, como era este homem, os que se vestem com simplicidade é que devem ser revistados? Dificilmente um policial revista alguém que está bem trajado ou aparenta elevado status.

É devido a isso que nossa justiça só pega os peixes pequenos. Os tubarões vivem livremente e se safam da justiça terrena que muitas vezes é comprada a quilo nas esquinas de tribunais e fóruns. Aí estão exemplos da obsessão de encarnado para encarnado, ou fatos que gerarão obsessões, posteriormente. É por isso que Jesus nos recomendou: “Conserta-te com teu irmão enquanto está a caminho”.

“Está a caminho” é está junto, reencarnado. A reencarnação é a oportunidade de nos habilitarmos para as boas obras e desfazermos o miasma das dissidências pretéritas, e pelo fato de não lembrarmos delas, estamos sendo beneficiados pela misericórdia divina, pois senão teríamos que carregar dois fardos: As lembranças pretéritas de outras reencarnações, os obstáculos de agora e o trabalho de corrigir, exercitando o perdão.

Quando percebermos algo estranho no comportamento de nossos filhos, pai ou um amigo, pense que ele poderá estar sendo controlado. Não são loucos, podem estar sendo submetidos a uma ação obsessiva. Isso tem cura com o tratamento apropriado. Muitas pessoas são jogadas em manicômios, casas psiquiátricas, quando na verdade estão precisando de uma diretriz espiritual.

Procure uma Casa Espírita que divulgue a Doutrina Espírita, enviada pelos espíritos superiores e codificada por Allan Kardec com o apoio de seus contemporâneos. Mas fique atento, pois ela poderá dizer que segue a Codificação Kardeciana, mas adota prática e rituais estranhos em suas atividades. A Casa Espírita deverá possuir seu registro na FeB, Federação Espírita Brasileira, não realizar reuniões mediúnicas doutrinárias abertas ao povo, porque devido a sensibilidade dos assuntos ali tratados poderão causar embaraços e situações constrangedoras aos que ali estão. Não deve haver imagens, rituais, batismos, casamentos ou qualquer prática que fuja das orientações e recomendações dos espíritos. Centro Espírita não tem dono, tem uma diretoria que precisa ser trocada, que saiba ouvir e que procure fazer os trabalhos de acordo com a recomendação dos espíritos superiores, e não criarem por conta própria regimentos internos de acordo com interesses particularistas nos quais a vaidade e a possessão tomam o assento.

Que fique bem claro que não estamos dizendo que o Espiritismo é melhor do que outras religiões. O que frisamos é que a Casa Espírita que tem em seu grupo e em sua diretoria pessoas sérias, humanas, com conhecimento doutrinário e que se empenham para cumprir o postulado de Jesus, estudando mediunidade, realizando trabalhos sérios sem interesses político e financeiro está em condições muito mais avançadas de doutrinar e encaminhar um espírito desencarnado e encarnado. Mas pode-se encontrar ajuda em outros segmentos religiosos. Vai depender da fé e do merecimento. Somos nós que teremos que avaliar onde nos sentimos melhores e onde estamos obtendo consolo, encontrando respostas para dirimir nossas dúvidas e adquirindo conhecimentos racionais para lidar com as questões do dia a dia, sem fanatismo e ilusões.

No plano espiritual, desencarnado também influencia desencarnado, incitando-o ao mal. O encarnado faz o mesmo com o encarnado e o desencarnado, espalhando desavenças, orgias, instigando vingança e toda espécie de sentimentos inferiores através de pensamentos, palavras e atos. A melhor forma de lidar com qualquer uma delas é entrar em sintonia com o Cristo, pensando, falando e vivenciando as mensagens de seu Evangelho e nos banhando em sua luz. Assim se combate a fonte que gera a obsessão: A sombra. Só vai haver obsessor se houver sintonia, e só há sintonia quando há desequilíbrio das emoções ou quando o ódio não é desfeito através do perdão.

Com o intuito de despertar o espírito obsessor, alguns segmentos religiosos se utilizam de rituais que não ajudam na melhoria de nossos irmãos, deixando-os mais apegados, ainda, à matéria, guiando-os por sendas escuras. Terão esses que responder pelo mau uso de suas mediunidades.

A causa de toda obsessão é a ignorância em relação à vida futura, ao perdão e a lei de progresso. Por isso, é nos esclarecendo e esclarecendo as pessoas acerca disso que eliminaremos a fonte de sofrimentos diversos.

No final de toda uma conturbação obsessiva, desfeita pelos laços do esclarecimento e da fraternidade, o que restará é a paz entre os envolvidos.

Que saibamos entender as mensagens de Deus e tirar de nosso centro coronário pensamentos de vingança, ódio, supremacia racial, e que nosso centro cardíaco possa dirigir nossa emotividade de modo a movimentá-la, seguramente, em nossas obras.

Apresentemos aos companheiros obsedados e obsessores as rosas do mundo, as lindas flores no meio de todo esse tumulto e tensão onde nos encontramos. As flores estão aí para nos lembrar que no meio de uma situação caótica há harmonia e luz, e que ao percebermos isso encontraremos algo que nos fará olhar para dentro de nós, pois o belo produz sempre mais beleza, e buscando a beleza e direcionando nossos olhares enxergaremos aquilo que há de sublime. Basta procurarmos.

Quantas coisas lindas temos em torno de nós. Quanta vida! O sorriso das crianças, o brilho do sol, o verde das árvores, as ações fraternas, a queda de uma cachoeira, as estrelas no céu, a luz da lua, os raios de sol, os gestos carinhosos dos animais, uma bela canção; tudo são flores...

Falemos das rosas para esses irmãos perdidos no mundo, na escuridão de seus rancores para que despertem para a vida e sejam como uma linda flor, fazendo a diferença e acalmando os desesperados.

A flor foi também um botão enclausurado, mas que graças a Energia Divina, ao seu instinto e ao seu desejo latente de encontrar Deus, ela se abre e espalha encantos em sua volta. Assim também somos nós. Todos nós.

Jamais nos esqueçamos que a vida dentro ou fora da matéria é obra do Criador, e de que há vida dentro e fora da matéria, e se há vida, há Deus, pois Ele é vida, e vida em abundância.

Quando Jesus nos falou “Eu vim para que todos tenham vida, e vida em abundância”, estava nos dizendo “Eu vim para que todos tenham Deus”.