Volátil Devoção

De tudo que vivemos, um aprendizado fica.

Pra quem quer, né?!

Então, vou aqui usar o lindo espaço que democracia me dá de expor minha opinião sobre determinado assunto.

Já agradeço a você que está lendo, pelo tempo dispensado. ^^

Vamos lá!

Experimentamos nesta copa de uma sensação que me intrigou. A curiosidade partiu quando me vi envolto por este sentimento tão curioso. Uma devoção volátil.

Há 10 minutos antes do primeiro gol da Alemanha, estava animado pela sensação de 'nacionalismo'. De repente, sou imergido na sensação deprimente de que estava vendo um 'jogo de video-game'. Onde uma chuva de gols adversários não deixavam sossegar a rede do gol.

Um pulo nas redes sociais e lá está, toda uma nação se lamentando consternada com o resultado de seu time sendo derrotado. Onde está o "é tóis"? Onde está o "pra frente Brasil"? Onde foi parar o "a torcida massa inteiro vai junto com você Brasil"?

Diante o iminente fracasso em campo. Toda a devoção das pessoas, a esperança, a animação, a união com os jogadores, esvaiu-ze como água ralo abaixo.

Vamos lá. Pontuando.

Somos um povo culturalmente funcional. Nós deixamos claro, com a postura dos brasileiros após a derrota de seus jogadores idolatrados que não nos ocupamos do valor das pessoas, se não, do que elas são capazes de fazer.

As declarações de amor, as paixões, a união, a torcida, foi rapidamente trocada por piadas, esculachos, sarcasmo, sátiras, descrença.

Que dó dos seres humanos que cumpriam a função de jogadores, naquela ocasião.

Eu, particularmente, teria pedido para sair de campo. Teria fingido uma lesão. Não sei! Alguma coisa eu teria feito para não precisar continuar mais uma hora jogando. Eu não garanto que teria resiliência suficiente para permanecer em campo após o terceiro gol em uma semifinal de copa do mundo.

Você pode me dizer: - Mas eles são pagos para ganhar!

Bem, eles são pagos para jogar. Eu também acho que deveriam jogar. Mas não é este o mérito que venho discutir. O que me interessa refletir aqui é sobre a cultura arraigada de nosso país de descermos alguém do 'olimpo' ao menos sinal de falha. Nós endeusamos e destituímos os deuses em uma fração de acontecimentos. É muito rápido. É algo quase bipolar, esquizofrenizante.

Não, não estou sendo dramático. Isso mexeu muito com meus conceitos de valorização do outro. Porque tanta dependência da funcionalidade do humano?! Porque eu destituo tão rapidamente as pessoas de um local de estima ao menor fracasso?

Eu vi nas notícias que o jogador do Equador que mordeu durante os jogos, chegou em seu país e foi ovacionado pelos seus conterrâneos. Mesmo ele tendo cometido uma gafe enorme, os seus lhe apoiavam pelo simples motivo de serem da mesma nação.

E nós?! Brasileiros, onde estamos nesse hábito?!

Eu te convido a tirar os olhos da copa e lançar o olhar sobre o cotidiano. Com a seleção brasileira só apareceu a 'olho nu' o que acontece todos os dias de maneira velada, em nossas famílias, escolas, igrejas, escritórios, hospitais, senados, assembléias legislativas, ongs, etc...

Eu ainda estou tentando organizar em mim esta volatilidade afetiva. Ainda reflito muito sobre isto.

E você???