Marias e Esteios.

Fratelli.

Sono tutti i benvenuti.

Questa semplice casa dove facciamo la festa di Natale

Sintan essere abbracciato e baciato nei loro cuori. Per me e per la padrona di casa, la signora Gerda, origine tedesca, ma gaucha di nascita. Il cui principio accogliere tutti, senza distinzione, con l'amore. Più di 50 anni.

(Irmãos. Sejam todos muito bem vindos, nessa simples casa onde realizamos o festa de natal. Sintan-se abraçados e beijados em seus corações. Por mim e pela dona desta casa, Senhora Gerda, uma alemã de origem mas gaucha de nascimento, que tem por princípio receber a todos, indistintamente, com muito carinho. A mais de 50 anos).

Novamente nos encontramos num momento íntimo, familiar, de reencontro e apaziguamento, festejando o que se festeja a mais de 2000 anos, o nascimento de um histórico cidadão que, segundo conta a tradição construiu todos os seus ensinamentos sobre o alicerce do amor.

Um piazito, nascido de uma Maria enteado de um carpinteiro.

A história dos homens nem sempre conta a verdade. Pesquisas recentes, descobertas, estudos, traduções de escritos vem reforçando que junto a caminhada desse menino que se fez homem, essa alma especialíssima, tinha uma mulher.

Mais uma entre tantas Marias que permearam a construção desse mundo, dessa cultura do entendimento, do diálogo e da confraternização. Do contrario ainda estaríamos peleando.

Nesses tempos natalinos, confraternização é um vocábulo corriqueiro. Muitos não se apercebem de sua etimologia, seu significado. Fraternidade provém do latim "frater", que significa irmão. Portanto fraternidade é a unidade entre seres irmãos, fundado no respeito, na dignidade da pessoa humana e pela igualdade entre todos.

Assim, confraternos comungamos, como irmãos que somos, antes mesmos de sermos avós, pais e mães, tios e tias, primos, casais, companheiros, filhos, vizinhos, amigos...

Na cultura e tradição gaúcha, dizemos que estas pessoas, Marias, são esteios. Esteios que sustentam e nos abrigam. Abrigo onde nos encontramos unidos, para onde retornamos periodicamente, como borboletas em muda. Uns uma vez a cada ano... Outros com mais frequência. Num ritual de migração tal qual as monarcas.

Pouco importa por onde andemos. Pouco importa. Pois, de onde viemos não esquecemos. Jamais esqueceremos o caminho de retorno. Um pouco por conta de nosso relaxamento; embaixo das unhas, sempre sobra um pouco desse chão, e no coração uma saudade costureira herdada, que insiste em alinhavar caminhos de volta.

Nessa tradicional confraternização natalina, patrocinada a 64 anos pela família Grätsch Lucchese, um esteio tem que ser reconhecido e prestigiado, do contrario não estaríamos aqui.

A mulher, a amiga, a esposa, a mãe, a vó e a Bisavó Gerda Olinda Grätch Lucchese.

São 64 anos de criteriosa preparação.

Com seus impactos ambientais é lógico. Pinheiro tem que ser natural nada de arvore artificial.

- Mãezinha quem sabe compramos um artificial que dura por vários anos...

- Já reservei um com a Frau Van Der Ham....é só buscar.

E o assunto estava encerrado.

Assim quase uma sesmaria de araucárias sucumbiram nesses anos. Hoje como podem bem ver, o pinheiro alemão, é nosso TANNENBAUM, substituindo de forma harmoniosa e não menos elegante...

Mas valeu a pena? Alguém se atreve a questionar ou dizer que não? Principalmente entre aqueles que ano após ano estão aqui construindo mais um naco dessa tradição?

Todos temos memórias dos natais passados. Os filhos lembrarão de que para ter direito ao presente de natal, era preciso, cantar, encenar, declamar, o que fosse. Ah, a criatividade ia longe... Presépios vivos atrás de lençóis iluminados por velas, que aos olhos dos espectadores eram silhuetas. Cantigas e versos entoados, com maestria, muitos filhos, depois os muitos netos, ano após ano, era quase impossível não reprisar.

"Alecrim alecrim dourado que nasceu no campo sem ser semeado..."

"O meu chapeu tem três pontas, tem três pontas o meu chapeu...."

Só ainda não sei porque os bisnetos não começaram...

Por outro, momentos marcantes e inesquecíveis. Aliás, toda vez que procuro me recordar destes momentos sempre me vem a cabeça a frase histórica: “ Bebe Osório, bebe!!!

Passamos dos tempos do convívio entre pai, mãe e filhos, para o acolhimento dos anexos. Juntos os amigos dos amigos e a cada ano recriamos, alargamos, nossa convivência com outros diferentes, que não raro retornam em anos seguintes, pois vivenciaram um momento ímpar, de renovação das esperanças e de atualização do sabor das cucas.

E o esteio...como uma velha mamãe Noel, com seu saco enorme, sempre tem um pacotinho sobressalente de carinho, para que, por mais inesperado que seja o visitante, ele leve o que todos nos levamos ao final. Recordações e lembranças agradáveis, conselhos doces e apimentados.... Mas no próximo estaremos aqui abrindo os braços e abraçando-nos.

Muito obrigado a mãe Gerda e a todos que ano após ano se ajustando, construiram a tradição desses momentos de reencontro.

Que esse seja mais um entre os próximos 64 natais, mas que seja único como foram os anteriores.

FELIZ NATAL 2014 A TODOS.