E se fosse diferente...

Se por um instante nos esquecêssemos que somos apenas marionetes de pano e nos presenteássemos com um pedaço de vida, possivelmente não diríamos tudo o que pensamos, mas definitivamente pensaríamos em tudo o que falamos. Dariamos valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiríamos pouco, sonharíamos mais. Entenderíamos que pra cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaríamos quando os outros apenas correm, acordaríamos quando os outros ainda dormem. Escutaríamos quando os outros falam e como desfrutaríamos de um bom sorvete de chocolate! Se nos obsequiássemos um fragmento de vida, nos vestiríamos simples, nos atiraríamos de bruços ao sol, deixando descoberto, não somente o corpo, mas também a alma. Se tivéssemos um coração, escreveríamos nossos ódios sobre o gelo e esperaríamos que saísse o sol. Pintaríamos com um sonho de Van Gogh sobre as estrelas um poema de Caio Fernando de Abreu, uma canção romântica seria a serenata. Regaríamos com lágrimas as rosas, para sentirmos a dor de seus espinhos e o encarnado beijo de suas pétalas... Se tivéssemos um pedaço de vida... Não deixaríamos passar um só dia sem dizer às pessoas que a amamos. Convenceria a cada pessoa a vivermos enamorados do amor. Provaríamos as pessoas quão equivocados estão ao pensar em deixarmos de nos apaixonar quando envelhecemos, sem sabermos na verdade que envelhecemos quando deixamos de nos apaixonar. Dariamos asas as crianças, ao invés do sofrimento, mas deixaríamos livres para que sozinhas aprendessem a voar. Aos velhos ensinaríamos que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento. Sempre diríamos o que sentíssemos e faríamos o que pensássemos. Se soubéssemos que hoje seria a última vez que veríamos os nossos dormir, abraçaríamos mais forte. Se soubéssemos que essa fosse a última vez que veríamos as pessoas saindo pela porta, daríamos um abraço, um beijo e chamaríamos novamente para ficar um pouco mais. Se soubéssemos que esta fosse a última vez que iríamos ouvir a voz dos nossos, gravaria cada uma das palavras para poder ouvi-las sempre que a saudade bater-nos, uma e outra vez, indefinidamente. Se soubéssemos que este seriam os últimos momentos que veríamos os nossos, diríamos eu te amo e não assumiríamos estupidamente que já sabíamos, porque nunca sabemos, como nem sempre amamos.

Sempre há um amanhã e a vida nos dá outra oportunidade para fazer as coisas certas, mas se estivermos errados, hoje é tudo o que nos resta, o amanhã não está assegurado a ninguém, jovem ou velho. Hoje pode ser a última noite, ultima manhã ou ultima tarde. Por isso não devemos esperar amanhã, se podemos fazer hoje, pois se o amanhã nunca chega, com certeza lamentaremos o dia que não tivemos tempo para um sorriso, um abraço, um beijo e que estivemos muito ocupado para conceder um último desejo que seja. Mantém os que amas perto de ti, diz-lhes ao ouvido o quanto precisa, queira-os e trate-os bem, leva tempo para dizer sinto muito, perdoa-me, por favor, obrigado e todas as palavras de amor que conheces. Ninguém se lembrará de ti pelos teus pensamentos secretos. Tenha força, sabedoria e humildade para expressar. Mostra a seus amigos o quanto são importantes para você.

Vil Becker
Enviado por Vil Becker em 12/11/2016
Reeditado em 30/03/2020
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