EU


Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!


Florbela Espanca

 

 

Eu sou aquela com alma sofrida,

Eu sou a dor presente até a morte!

Sou assim transparente e sou sem sorte!

Sorrio, mostro meus dentes, sou contida!

 

Eu sou a esperança já perdida,

Eu sou a noite em dia, sem ter um norte!

Eu perdi tanto, nem sei, grito forte!

Sou essa dor doente, dor tão sentida!

 

Sou quem chora  dia e noite por você!

Esconde o sofrimento, ninguém vê!

Sou menina carente, combustão!

 

Sou sonhos que ninguém ainda sonhou!

Sou essa mulher que alguém amou!

Sou âncora no mar da ilusão!

 

 

© SOL Figueiredo

12/01/2013 – 15:15h

SOL Figueiredo e Florbela Espanca
Enviado por SOL Figueiredo em 12/01/2013
Reeditado em 12/01/2013
Código do texto: T4081128
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.