Resposta ao Vício de Amar

Insensata sensação que alucina,

Ânsia desenfreada – eis a sina

Sacio a sede e a fome de beijos

Troca de carícias, gestos brejeiros

Iemanjá, Iansã, Oxum, até ciganas

Feiticeira voraz não me engana

Arrepios sensuais enlouquecem

Delírios obscenos nos aquecem...

Ouço sinfonia do amor sem regra

Na presença constante que alegra

Nos toques sutis do corpo sedento

Que se mescla e une nosso alento

Com meus lábios seco lágrima rolada

Desejo refletido na tua face amada

Encontra no meu olhar cumplicidade

Esse vício me atrai - tanta felicidade!!!!!

Flor de Lótus

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Vício de Amar

Essa dependência não tem cura e causa fissura

Nem há medicamento pra conter tanta loucura

Desse vício insano de te amar com tal fartura

Já pedi aos astros, santos e até joguei búzios

No Candomblé rezei à Yemanjá a Rainha do mar

Fiz despacho com galinha de angola na encruzilhada

E a cada estocada... Simplesmente nadica de nada!

Pelo contrário... Fiquei ainda mais apaixonado.

Se chegam notícias tuas... Vejo-me fascinado!

Mas se falta eis-me aqui perdido e decepcionado

Como conseguistes deixar-me assim enfeitiçado?

Só de olhar o teu semblante sinto-me arrepiado

Já imagino os escritos em minha lápide: Aqui jaz...

Um pobre poeta bem moço que morreu de amor!

Mas se você balbucia alguma fala... Babo feito fera

Ainda descobrirei a tua fórmula... Essa tua alquimia

A química que usaste para me deixar assim arriado

Já me sinto motivo de deboche nas rodas de samba

Onde gritam e azucrinam com todo tipo de chacota

Mas se você me olha e dá bola ou apenas me acena

Tudo vale à pena... Até essa falta tua que é obscena

E assim preencho os meus vazios de ti fora de cena

Aliso as dores das saudades que aflora dentro do peito

E clamo, grito, rezo, imploro, chamo por você no leito

No afago das carícias que só você sabe fazer com jeito

E até já nem ligo, nem me lembro de viver assim aflito

Com as lágrimas derramadas banhando o meu rosto

E beijando os meus lábios como se fosse a tua boca

Na quietude cristalizada do mais cálido de um abraço

Ouvida a melodia que emitiste do teu sinfônico poema

Que o eco penetrou pelos labirintos de meus tímpanos

E se alojou em meu coração como o canto do soprano

Ou o toque delicado e cirúrgico do bico de um beija-flor

Que ao sugar teu pólen nutriu-se da tua imensa beleza

E veio aqui deixar a sua mensagem de amor e de leveza.

Hildebrando Menezes

Navegando Amor e Flor de Lótus
Enviado por Navegando Amor em 11/05/2015
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