Os fins justificam os meios?

 

 

            Tenho acompanhado a campanha política municipal, não só porque sou membro de um partido político como também porque ocupo um cargo de confiança na atual administração, mas principalmente porque sou cidadã e os destinos de minha cidade me interessam.

               O que tenho presenciado mais que horrorizada, porque acho que perdi a capacidade de me horrorizar, tem é me deixado triste. Acho que não temos conserto mesmo. Estamos fadados a degradação? O que podemos esperar das pessoas que se predispõem a guiar os nossos destinos se, ao se apresentarem candidatos, usam dos mais sórdidos atos para tentar conseguir seus objetivos?

 

             As pessoas não estão mais em busca de consideração e respeito. Estão em busca de poder e de dinheiro. Não do poder que traz benefícios para a humanidade, mas do poder que traz dinheiro. E o poder do dinheiro nunca é bem utilizado nem mesmo para a própria vida, quanto mais para a vida do outro.

 

          O que é mais entristecedor é que o alvo dos que buscam este objetivo são as pessoas mais simples, que se encantam com falsas promessas, pois não possuem discernimento para perceberem o que é real do que é simples demagogia. Já houve na história de nosso estado quem acreditasse piamente que era possível transformar Minas em um estado litorâneo.               

 

              Eis aqui o que chamo do grande drama da humanidade: a confusão que existe entre o crer e o saber. A maioria de nós prefere acreditar nas coisas que nos dizem do que realmente utilizar a razão para se aproximar o mais perto possível da verdade, buscando suas várias faces. É mais fácil ser ignorante do que buscar a sabedoria. Mas, mais cômodo ainda é ser ignorante e julgar-se sábio.

 

           O que me deixa mais abobada é perceber que as pessoas mentem tanto que passam a acreditar em suas mentiras. De repente uma pessoa comum passa a se sentir uma super-pessoa, a agir como se realmente fosse. Se esquece completamente de quem realmente é para acreditar piamente no mito que forjou.

 

           E o mais doloroso é perceber que a análise do micro-cosmo se estende ao macro-cosmo: o mundo é todo igual. E tudo vale para conseguir ser desde síndico de um condomínio a Presidente da mais poderosa nação do mundo.

 

          A vida deveria ser muito mais que isso. Reconheço a impossibilidade de viver em uma sociedade dentro da norma máxima da democracia, o meu direito termina onde começa o seu, pela simples razão de que a maioria de nós desconhece a existência dessa máxima. Ou seja, nem conhece os seus direitos e luta por eles, nem conhece os seus deveres e os cumpre. Sei que precisamos de líderes, tanto para gerenciar um condomínio como para gerenciar uma nação. Mas líderes não são deuses. São apenas seres humanos, como eu e você, portanto passíveis de falhas. Ao escolhermos um líder, seja lá para o que for, não podemos abdicar do direito de sermos nós mesmos e agirmos conforme a razão.Ao escolhermos um líder não estamos escolhendo um time de futebol para torcer.Futebol é paixão mas o viver cotidiano comunitário deveria ser pautado pela razão.