Cultura africana: histórias e estereótipos

De acordo com o Centro de Estudos Afro-orientais, é indubitável a afirmativa de que na África há uma grande e relevante diversidade. A história desse continente ultrapassa as suas fronteiras de tal forma que muitas vezes não é incomum vermos pessoas simples de muitas partes do mundo falando como que já esteve naquele lugar. Entretanto, temos em mente que muitos também são os estereótipos que tentam representar este continente.

Muitas vezes perguntamos com a curiosidade de quem quer chegar ao fim do caminho, de quem quer conhecer as razões que levaram a essas conjecturas equivocadas que recai sobre este continente. Nessa busca não é difícil se chegar ao fim do século XIX e não notarmos que nesse período ocorreu algo diferente. É que nessa época já haviam imagens negativas e equivocadas povoando a mente dessas pessoas cujos modelos de superioridade era o branco (“caucasiano”).

Era preciso uma justificativa para o impulso de domínio europeu. Assim, os africanos e outros de pele escura como os aborígenes australianos foram tidos como povos “selvagens”, “atrasados” que deveriam ser salvos pela colonização. Pensavam que essas “raças” – e assim criou-se esse termo que na verdade não tem nada de científico – eram o ponto mais baixo de uma existência em que o branco europeu representava o ápice e o equilíbrio.

Essa, evidentemente, é uma visão que não está totalmente extinta. Ainda existe preconceito que por sua vez vão de encontro a toda a realidade que se mostra como verdadeira. Os africanos ainda sofrem com tudo isso.

Entretanto, a cultura destes povos é grande em extensão e profundidade. Isso não é difícil de perceber. Basta analisarmos a história e assim adentrarmos nela sondando os detalhes, ricos detalhes que formam esse todo.

Temos como exemplo o fato de que a cultura africana se dá pelo conjunto de princípios configurados com a realidade social e não apenas ideológica no sentido em que a sua relevância está, sobretudo, em sua totalidade. Assim, podemos perceber que “quanto mais velho se é, mais prestígio e influência se têm”.

É comum nas sociedades africanas a crença em uma força vital, um princípio existencial que está presente em todos os seres. Nessa crença, a força vital está mais presente nas pessoas mais velhas. Isso explica o prestígio que elas têm nessas sociedades.

A economia da África tem como base o cultivo da terra. Não há uma espécie de supervalorização da propriedade privada como vemos na Europa e nas Américas, etc. Na África, quando uma família considerava a terra como não cultivável saíam a procura de outras férteis. A terra tem um caráter sagrado. O equilíbrio, a natureza e os ancestrais são bastante valorizados. Acredita-se que esse equilíbrio é decisivo para a fertilidade e a produtividade.

O que foi colocado até aqui está referido à realidades agrícolas. É que nas densidades populacionais mais baixas os grupos produzem tudo o que é necessário para a manutenção das famílias. O que sobrava se tornava objeto de troca com outras aldeias “algumas delas tornaram-se centros de troca, com feiras que reúnem produtos e comerciantes de diferentes regiões”.

Assim, foram criadas cidades e esse comércio tornou-se permanente exigindo uma produção, mas especializada. Produções essas que se tornaram – em muitos casos – exclusividades de algumas famílias que passavam certos segredos de suas produções artesanais de uma geração para outra.

Com a criação de cidades o poder político não estava mais nas mãos dos chefes de linhagens. O chefe agora deveria ser responsável por muitas linhagens. Para isso, as cidades deveriam ser o centro dessa unidade política.

Com a escravidão houve uma desestrutura considerável nestas cidades. As realidades entre as elites ficavam cada vez mais fortes gerando assim um clima de incerteza e insegurança. Na Europa e nas Américas o negro africano não era visto como pessoa, mas como mercadoria, como objeto que deveria dar lucro. A ele não era dado direitos políticos, sociais, etc, etc.

Aos países aos quais os escravos eram transportados eles levavam e davam a conhecer sua cultura. No Brasil, por exemplo, podemos observar até hoje a manifestação de práticas culturais vindas da África. Assim, podemos citar a capoeira, o samba, o maracatu, etc.

Entretanto, apesar da beleza e do significado dos objetos de arte produzidos pelos africanos, suas peças eram exibidas na Europa como artefatos produzidos Por povos “em estágios inferiores de civilização”. Apenas no século XX após o aparecimento de Picasso, Braque e Matisse, foi que estes objetos africanos passaram a ser considerados como obras de arte no ocidente.

É por essas e outras que o Museu Afro-Brasileiro (MAFRO) inaugurado em Janeiro de 1982 tem sua relevância no sentido de assegurar a importância cultural entre Brasil e países da África. As obras de arte devem ser analisadas de acordo com o seu contexto. Assim, as culturas africanas e brasileira apresentam esse pano de fundo em que arte, vida e história representam o trágico e o sublime.

Leon Cardoso
Enviado por Leon Cardoso em 06/06/2009
Reeditado em 06/06/2009
Código do texto: T1634680
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