BOM, SENDO ASSIM, EU TE CHAMO UM TÁXI!

No meio da noite, de mansinho, Lucy observava o suave respirar de quem parecia ter sido visitado por Morfeu, imerso num sono profundo estava Marcos, sem imaginar que tantos pensamentos ocorriam a sua companheira. Ela suspirava, amava-o, sentia. Estavam juntos a alguns meses, estes os mais loucos errônios e doridos de sua vida.

Marcos era um homem enigmático, ela uma mulher sonhadora e que jamais vira ou ouvira dele uma demostração de afeto, a ele bastava somente, que a disposição dos instintos lhe sucumbisse as vontades do corpo. E era disso que Lucy havia se cansado.

Lágrimas furtivas passeavam sob seu rosto, e, num movimento cuidadoso foi levantar-se. Seus soluços agora acordaram Marcos, que em uma expressão de escárnio perguntou:

- Que fazes acordada e chorando a esta hora?

- Vou-me embora. Respondeu ela.

- Estás louca? É quase madrugada! Onde pensa ir, e porque vai? Retrucou ele.

- Hoje Marcos, eu preciso te anular, acabou-se o tempo de esperas vãs, já não me convém ser teu objeto!

- Não saia assim, espera que amanheça, o silêncio de nossos corpos e quem sabe...

- Não esperarei nem mais um minuto! Não se preocupe, não vista a roupa, eu não vou pra casa, e irei só!

Ele agora a olhou com uma expressão obscura, talvez de surpresa. Depois, pegando o telefone na cabeceira da cama, disse com um ar zombeteiro.

- Bom, sendo assim, eu te chamo um táxi!

Silere Tacere
Enviado por Silere Tacere em 16/03/2013
Reeditado em 16/03/2013
Código do texto: T4191767
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