plateia e ator diante de uma resfriado

hoje é lugar comum, todos somos felizes, alegres, adultos, bem decididos, dotados de grande formação intelectual, comemos comida gourmet, viajamos e mostramos como foi boa e intensa as experiências. No entanto, um mal estar na sexta que se estende ao final de semana, revela algo que não parecia estar presente, nossa imensa fragilidade e claro, o medo abissal de deixar, mesmo que seja por poucos dias, o palco do narcisismo, que nesse tempo tem uma característica operacional diferente, principalmente porque o papel desempenhado é cada vez mais um conchavo com platéia do que uma apreciação real. Pois antes a platéia desconhecia o truque do ator,Hoje ela se sabe também ator, e esse arranjo somente perdura numa linha frágil de coluio. Um alimenta o narcismo do outro. Por isso o medo de ficarmos doente, porque alem do resfriado que suga nossa exuberância, ficamos frente a frente com nós mesmos, desprovido de máscara e da "aceitação" de outra máscaras que dentro dessa carruagem que vivemos também precisa da nossa confirmação. A doença assusta, por ela mesma, mas também pela solidão que ela causa, sofremos duplamente: pela doença e pelo vazio alojado atrás de uma máscara narcísica. Tragicamente, é esse mesmo vazio que nos leva a essa exuberância pela imagem e é a ele que retornamos quando desse mecanismo da aparência não funciona.

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 22/01/2017
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