Intensivo de Verônica - Ensaio do meu livro

E este livro começa pelo final, o ultimo dia que nos vimos, nos abraçamos e dizemos palavras de conforto um ao outro.

Era uma noite de verão provençal na cidade de Avignon, no sul da França. Eu estava carregando um edredom que ganhei do meu amor carioca, estava caminhando pelo muro que cerca o centro da cidade e estava abraçada a ele. Sim este livro conta a história de um amor vivido em silêncio, mas um amor puro e verdadeiro, um amor que chegou sem avisar e que mudou a minha forma de pensar e viver a vida.

À hora da despedida chegou: 23h20. Voltávamos de um restaurante, nesta noite comemos pizza com amigos e finalizamos a ultima noite dele nesta cidade linda.

Eu não conseguia ficar perto dele neste dia, porque a minha vontade era ficar abraçada junto a ele a noite toda, ficar simplesmente olhando para ele e tentando memorizar para sempre dentro de mim o seu perfume.

Eu tentava agir com naturalidade, como se a sua volta para o país de origem fosse algo certo a ser feito, e era algo certo a ser feito.

Somente as 23h20, parando em um trecho do caminho, após ter passado em sua casa e pego de presente um edredom para me esquentar no inverno, eu pude enfim olhar para ele e sentir no meu peito que a hora era chegada, a despedida ia acontecer e eu não podia fugir deste momento.

Fiquei uns 5 minutos entregue aos braços dele, ouvindo sua voz calorosa dizendo palavras de otimismo no meu ouvido: “Foi bom te conhecer, os dias passaram voando, mas valeu cada minuto ao seu lado. Vê se não me manda bom dia no fuso horário da França porque daí você vai me acordar de madrugada e eu nao vou gostar nada disso. Fique bem nesta cidade, se cuide e me mande notícias de vez em quando.” Foram palavras eternas, um momento rápido que eu sempre vou me lembrar, uma sensação de vazio, mas também de alegria em ter vivido cada um desses dias junto a ele.

Ele acariciava meu cabelo enquanto falava comigo num longo abraço, eu retribuía o gesto e sentia meu coração se dilacerar pelo fato de sentir que este abraço seria o ultimo. Eu não conseguia ver que na realidade, ele partiria pela manha e eu nunca mais iria vê-lo na minha vida. Eu apenas me entreguei a este momento de abraço e queria que ele fosse eternizado dentro de mim. O carioca se chamava Pedro e é dono do abraço mais gostoso, mais sincero e mais caloroso que eu pude ter.

No final do longo abraço, nos olhamos com aquela sensação de não querer deixar ir embora. Parece que todas as lembranças dos 20 dias passaram como um filme na minha cabeça: a roda gigante, os simples encontros no ônibus, as longas conversas sobre a vida, os encontros inesperados no supermercado, a primeira vez que nos falamos no ônibus, verdade ou desafio pelo whatsapp, a faxina na casa dele antes da entrega do apartamento e claro, os muitos abraços do carioca.

É incrível como às vezes, pessoas aos quais não conhecemos bem têm a capacidade de mudar o rumo das nossas vidas. Ele é uma das pessoas mais importantes da minha vida, a mais especial, mas Meu Deus, eu não sei nem mesmo sua história de vida, não conheço suas manias, sua família, não sei qual é sua cor preferida... Eu tenho comigo a certeza que eu conheço o principal, o mais importante: ele é uma pessoa cativante, que vale a pena estar junto, um homem carinhoso, um homem com sentimento, alguém que se preocupa, um homem que eu sentirei muita falta.

Para finalizar a noite, ele beijou minha mão num gesto de respeito e carinho, eu soltei a mão dele e cada um seguiu seu caminho: ele foi para a esquerda e eu peguei a direita rumo a minha casa. O coração estava vazio, eu me sentia anestesiada e não conseguia realizar que a despedida tinha acontecido e que depois dessa noite, eu não iria mais à sua casa, não teriam mais longas conversar, não teriam abraços e carinhos. Eu tentei não pensar nisto tudo e somente pela manha cai em mim e vi a realidade: ele partira e eu nunca mais iria vê-lo novamente e sentir aquele perfume ao qual eu tanto amei durante 20 dias!

Ele sempre foi uma pessoa muito engraçada, um carioca que eu tive o prazer de conviver por apenas 20 dias, mas foram dias que mudaram minha vida e me fizeram repensar em tudo o que eu tinha feito até então, mudei de vida depois do Pedro e hoje sou uma pessoa melhor: mais carinhosa, mais sociável, mais humana eu posso dizer, não tenho mais medo de viver e me esconder de novas oportunidades, hoje eu sei aproveitar cada uma delas e tirar sempre uma boa lição da experiência vivida.

“Obrigada carioca cabeção, você fez a diferença e

um bem enorme na minha vida!

Eu te amo!”

Verônica Medeiros
Enviado por Verônica Medeiros em 19/02/2017
Código do texto: T5917716
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