Corpo Falante

Você me pergunta se estou só e lhe digo que estou com o deus da arte. Desde a mais frívola até a mais sentida com movimentos pontuais, leves e regidos por um ser que busca em seu próprio instrumento corpo, o aperfeiçoamento de sua abertura incansável e instável que traça o seu afeto e a sua crença.

Infinita afinidade de si, do corpo que dança à espera da resposta de não só um, mas de cinco, entre parapeitos e lacunas, o corpo que desce pela escada, se retrai e não evolui, se machuca e não se acha. O corpo seguinte chega, lê e se expressa quando se dá a melodia, em seu movimento baila.

Somos animais. Nos alojamos, não aos toques! Não a nós! Sem equilíbrio, com desiquilíbrio em busca de nós... Ao encontro, nos confundimos intensamente até que a desilusão fale por nós e possamos em um típico palco descansar dos movimentos em morte conjunta da abstração de cada corpo presente.

Com o encontro contagiante de um outro corpo, não tão transparente, mas que demonstra maldade por igual, descarrego um corpo levado e sustentado por este outro. No agora: aceso; apagado e aceso, outra vez apagado. Assim, entende-se que se dá um corpo vivo pelo seu próprio preço e peso!