Números

Passou voando. Num paralelo da idade com as postagens no blog posso dizer que segue forte o desejo pela vida. Vi que as antigas recordações guardam nostalgia, mas a vontade de descobrir novos mundos fica mais forte a cada dia.

Nossa 49... Quase 50... Sobre números, lembro saudoso do meu tio Ronaldo - o tio Nanau, que quando ia enumerar as vantagens de alguma coisa se atinha a melhor delas e dizia que aquela vantagem era tão boa que deveria ser enumerada assim: em 1º lugar ela, em 2º lugar ela, em 3º lugar ela, para daí sim vir a que seria normalmente a 2ª vantagem – é verdade: os números por si só não dão a dimensão de alguma coisa.

Vi ensaios que gostariam/tinham a intenção de serem documentos ou um Tratado nunca passaram de uma tentativa, mas guardam seu valor na medida em que foram um treinamento: tentativas devem ser reconhecidas como experimentos para serem marcados e não repetidos, só aperfeiçoados para se chegar ao sucesso (aqui um parêntesis - antes de qualquer coisa, e como sou cheio de dedos com esta palavra “sucesso”, lembro a vocês que sucesso é algo muito particular e para mim diz respeito mais a satisfação pessoal do que o seu significado no senso comum).

Existe um pensamento de Thomaz Edison: “Eu não falhei, eu apenas descobri 10 mil maneiras que não funcionam”. O problema está em saber o quão perto estamos da solução. Numa conversa hipotética com Thomaz Edison ele diria (como disse ) “Muito dos fracassados na vida são pessoas que não perceberam quanto estavam perto do sucesso quando desistiram.” Pô Thomaz, “10.000 vezes” este pensamento é motivador ou desanimador? Você não poderia ter dito 50?

Então para marcar esta postagem de número 49 no blog apresento um ensaio sobre números:

Números

Somei, marquei em agenda e calendário, inclui no aplicativo, cadastrei em planilha.

Anotei em números tudo o que era possível, mas o “tudo que era possível” traduzido em números seria algo em torno de 10% da experiência.

Marquei quantos km eu fiz, mas no registro não está a intensidade do esforço, a interação com amigos, a beleza das paisagens que mesmo fotografadas não conseguiram aprisionar meu estado de espírito na hora que eu as via.

No ábaco, as contas poderiam passar de um lado para o outro, mas o resultado não mostraria sua dança.

Nas paredes de uma vida/cela solitária você poderia riscar em traços paralelos os dias em número de sete fechando com um traço transversal contando dias/semanas/anos que está sem ela, mas não estaria registrada a dor de uma saudade, a loucura de uma paixão.

Sequência de notas e acordes poderiam ser traduzidos em números, mas não se ouviria a música se não fossem capazes de produzir um som.

Os números estão aí saídos da geladeira para análises aquecidas dos nossos dias na terra.

Os números são aficionados por análises e classificações. Adoram relações entre causa e efeito

Querem nos dizer que os 10% são os responsáveis pela nossa integridade:

Horas dormidas, dedicadas à poesia, ao trabalho, ao sono querem determinar o que seremos.

O comportamento das pessoas diante das mais diversas situações é que vai determinar o seu valor e não os números que ela carrega.

-Ele sempre faz do mesmo jeito - já o vi fazendo isto umas 100 vezes.

-Você não viu 101 vezes? Bem na vez que ele faria totalmente diferente...

A mudança é inimiga da ditadura dos números e você é livre para mudar.

-Veja quantos...

-Não, não veja quantos, escute seu coração.

Se os números forem a favor da sua felicidade utilize-os, se não descarte a informação.

Quantas curtidas? Quantos comentários? O post será melhor ou pior pela quantidade de interações ou pela sua mensagem intrínseca?

O grau de felicidade não pode ser mensurado

A dor de uma tristeza não pode ser medida

Fora medidas “padrão”! - que querem ditar comportamentos

Fora mentes “padrão”! - que só conhecem uma métrica

Liberdade! Liberdade! um “sem” número de vezes

Abaixo a tirania dos números!

PS de 1 a 10 quanto você daria para este ensaio?