A República Sobreviverá

Em tempos incertos, a busca por heróis, que possam solucionar as mazelas que o povo sofre, aumenta. É uma tendência das massas, no inconsciente, a deificação que transpõe a responsabilidade de algo nosso para um terceiro que seria competente. Esquece-se, contudo, que as formigas são capazes de grandes feitos por trabalharem em conjunto.

Num Brasil marcado pela imoralidade, evidenciada pelas notícias, cotidianas, de corrupção que permeiam a alta cúpula da administração pública, é difícil crer num futuro melhor, e o pessimismo assola o povo. A República tem se apequenado por mãos egoístas pregando querer ajudar os menos afortunados, mas que se locupletam indevidamente. Frente a esse cenário, propostas esdrúxulas surgem das cinzas de inúmeras denúncias, com projetos messiânicos que, acolhendo povos com perda de memória seletiva, abrangem desde a promessa de resolver todos os problemas através de leis contra abusos de autoridades, ou o cerceamento de direitos fundamentais para promover a “ética”. Não é prudente escolher entre tais ideais, ao que devemos estar sempre atentos com os objetivos subjetivos de tais “heróis”, pois desconhecemos suas verdadeiras intenções. A polarização gerada por escolher falsos ídolos impede que a sociedade se una em um objetivo.

Ao povo cabe a revisão dos valores morais e éticos para reverter essa crise cultural, não sendo possível alcançar uma resolução sem antes estabelecer esses pontos. Dos brasileiros, ainda que exista a avidez e o escárnio social, nas distintas classes sociais, percebe-se valores intrínsecos, característicos de nós como povo. Uma em particular, presente em demasia nas classes mais carentes, chama a atenção: a capacidade de dar soluções práticas e rápidas às mais variadas situações – o famoso “jeitinho brasileiro”. Não havendo, portanto, complicação quaisquer, que não possa ser resolvida por nós brasileiros.

A República sobreviverá, não importa o quanto sofreu, ou ainda tem a sofrer, pois somos o melhor país do mundo, rico em recursos, multicultural e miscigenado – bem como profusos adjetivos que poderiam ser aqui elencados. As profecias de apedeutas políticos esquecem esses fatores. Só nos resta compreender que não cabe a um indivíduo resolver a situação hodierna, já que é um trabalho coletivo que depende da colaboração de todos nós, deixando de lado a polarização que tem se estendido. A vida não é feita para polarizar, não se escolhe entre preto e branco, são tantas as cores, pintemos um arco-íris e salvaremos a República.

Mateus César
Enviado por Mateus César em 21/05/2017
Reeditado em 22/05/2017
Código do texto: T6005522
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