Os animais e a poesia
 
De que vale uma vaca, geneticamente pura, de formas perfeitas, mas, minada pela anemia?
 
Ou, um cavalo puro-sangue, de medidas padrões, mas, que não tenha desenvoltura, que não saiba correr?
 
Ou, ainda, um cão de linhagem perfeita, mas, desobediente, agressivo e de latidos irritantes?
 
Assim também ocorre na poesia... O ideal, para o poeta, é conseguir aliar a forma- número certo de sílabas, rimas e padrões da poesia escolhida – sextilha, soneto, haicai, etc -  a um conteúdo que leve o leitor a refletir, que afinal, dê um recado.
 
Uma poesia que seja reflexiva, e que, ao mesmo tempo, tenha um formato, que produza ritmo, que é a magia que induz ao lirismo poético.
 
De que adianta a métrica, sem conteúdo?
 
Ou rimar dias com melodias, ou ter rimas alternadas, esdrúxulas ou opostas, se não houver um recado a ser dado?
 
De que valem as rimas ricas, pobres, preciosas ou raras, se a temática não fizer o leitor refletir?
 
Enfim, se não se fizer da poesia uma forma de comunicação em que se privilegie o conteúdo e a estética, a beleza e o recado, mesma que a forma poética seja perfeita, teremos, como na classificação canina, um puro-sangue mal-educado e irritante.
 
Nesse caso, prefiro os vira-latas!