Pálida Morte, o que a precede?

A morte é suprema, referimo-nos a ela usando o gênero feminino. Uma dama decadente, profana, desleal, que representa o aborto da vida. Reza nos preceitos eclesiásticos que a mulher é mais amarga que a morte, o que remete a um ignoto critério em relação ao universo feminino. A vereda poeirenta, no entanto, é sinistra, apavorante e um dia deveremos trilhar, a funesta passagem para o além. A morte é uma entidade fantástica e jaze à mente insegura dos incautos. Há olhos argutos sob o funesto capuz, olhos que tudo veem. Seu sorriso é sem vida, revela natureza vil. A gadanha, seu instrumento curvo, ceifador, aniquilador de almas, concerne o mais terrível pesadelo. Sua fome é voraz, seu desejo; incalculável. A vida é a afirmação veraz de um sinistro presságio, e a profecia da morte simboliza mal agouro, um nefando acidente. Ainda que bela e abastada de esplendor, a vida tem seu propósito, está ligada a um desfecho ordinário, ou talvez, à súplica dolente. A irônica compaixão da morte, para muitos, é a única saída. Lançada ao desatino, ao labor insano, ela está em cada esquina, ubíquo, sem descanso.

O que a precede? O sopro de vida!

ArK
Enviado por ArK em 19/08/2017
Reeditado em 19/08/2017
Código do texto: T6088444
Classificação de conteúdo: seguro