Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me,vós,Senhor Deus!
Se é mentira,se é verdade,
tanto horror perante os céus?!
(Castro Alves)
O tráfico de escravos,no Brasil,foi iniciado no sec.XVI(1539) e terminado no sec.XIX(1850).Os negros vieram,aos magotes,para trabalhar nas lavouras de cana-de-açucar,trazidos da Àfrica,contrá vontade,em porões de navios negreiros,úmidos e fétidos,amontoados como gados,passando fome,frio e maus tratos.Eram iorubás,jejes,haussás,minas,das terras que hoje são Nigeria e Senegal.Altos,fortes,alguns eram letrados,falavam árabe e eram mulçumanos,tinham conhecimento de metalurgia.Foram trazidos para a Bahia,para onde,também,vieram os bantos,angolas,cabindas,bons agricultores,caçadores e excelentes rastreadores.
Mas,quem vendia os negros?Os próprios negros,de tribos inimigas que os capturavam nas guerras,e,os vendiam aos traficantes de escravos,geralmente,portugueses de maus bofes,querendo fazer fortuna fácil;pois,a presa era vendida com lucro de até 100% e muitos enrequeciam com o tráfico.Alguns viraram nobres do Império,brazonados,e,que hoje,sua descendencia,venera como pilares da sociedade e criadores do Império brasileiro.
Segundo um respeitado antropólogo quase toda a moeda circulante nos anos 800,vinha do tráfico.Até escravos tinham escravos;comprava-os baratinhos,os mantinham visando a velhice,quando não podiam mais trabalhar e,os ofereciam em seu lugar,para o senhor,afim de ganhar uma justa "aposentadoria".
Tanto os ricos proprietarios de terra,como viúvas com um pequeno pecúlio,compravam negros.Havia as "negras de ganho",que saíam ás ruas vendendo cocadas,mingaus,comidas diversas,frutas e repassavam os ganhos para a "sinhá",que,quando boas de coração,lhes davam uma porcentagem,que,bem guardada,serviria mais tarde para comprar a própria liberdade.
Para algumas tribos africanas,parecia natural que pais vendessem filhos,reis podiam escravizar e comerciar seus súditos,sem críticas,nem dor de consciencia;guerreiros derrotados,viravam escravos;tudo parecia natural.
Havia também as trocas-o escambo-tão ao gosto dos portugueses;tabaco e cachaça eram as moedas mais apreciadas para trocas;e,também,ferramentas,tecidos,utensilios de ferro,enfeites,espelhos etc.Este tipo de venda-compra chamava-se suavemente,resgate.
Os angolanos,negros dóceis e bem apessoados, eram os preferidos para os trabalhos domesticos e também para o deleite dos ioiôs e até iaiás,e,frequentaram muitas camas com dosséis de veludo e muitos salões elegantes,como dama de companhia das sinhazinhas;já os malês,valentes e orgulhosos,eram destinados ás batalhas e para defender o sinhô e suas propriedades.Para a lavoura iriam os cabindas e jejes,fortes,resistentes e bons para o plantio.Á noite,descansavam? em senzalas imundas e frias,deitados em esteiras e panos velhos,e,lá,aproveitavam para reverenciar seus deuses animistas,cuja crença era proibida pelos senhores.
Os escravos "de dentro"eram mais bem tratados,usavam joias de ouro e prata e belos vestidos,para mostrar o poder ea fortuna do dono da casa.
O tema é extenso e interessante e voltarei com êle durante essa semana,em que se comemora o fim da escravidão;...e,o começo de outra.Mas,isso  é outra estória.
Miriam de Sales Oliveira
Enviado por Miriam de Sales Oliveira em 12/05/2008
Reeditado em 12/05/2018
Código do texto: T985990
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