Leila Míccolis, poeta e roteirista de televisão

Leila Míccolis nos concedeu uma entrevista pelo e-mail.

Cronista, ensaísta, poeta, ex-advogada, professora de roteiro de televisão, promotora cultural, co-editora do Site participativo Blocos Online (junto com Urhacy Faustino), roteirista de cinema, escritora de novelas de televisão, entre elas: Kananga do Japão, Barriga de Aluguel e Mandacaru, e Ms. de Teoria Literária (UFRJ).

Publicou, entre outros, os livros: Em perfeito mau estado, Editora Achiamé, Rio de Janeiro, 1987. Do poder ao poder - alternativas na poesia e no jornalismo nos anos 60, Editora Tchê, Rio Grande do Sul, 1987. O bom filho a casa torra, editoras Edicon e Blocos, São Paulo e Rio, 1992. Achadas e Perdidas e Sangue cenográfico, Editora Blocos, Rio de Janeiro, 1997.

Tem obras publicadas na França, México, Colômbia, África, Estados Unidos e Portugal.

Desde 2005 ministra cursos de extensão na UFRJ sobre texto teledramatúrgico.

Nossa entrevista consta de dez perguntas. As primeiras cinco perguntas são para Leila Míccolis poeta, considerada da geração poética dos anos 70 e as outras, para Leila Míccolis, roteirista.

1. Quando começou a escrever poemas?

Incentivada por minha mãe, desde os três anos de idade eu já fazia trovas, naturalmente bem simplezinhas, falando do meu gato. Aos dez, comecei a ganhar concursos literários, e a partir daí, não parei mais. A poesia é a minha menina dos olhos.

2. Quais são seus poetas preferidos?

A minha relação teria muitas páginas. Então, para me restringir apenas à "Geração 70", meus poetas preferidos do período são: Glauco Mattoso, Paulo Leminski, Nicolas Behr, Alice Ruiz, Ulisses Tavares, Antônio Carlos Lucena (Touchê) e Ana Cristina César.

3. Você é metódica? Tem horário para escrever?

Sou metódica sim, mas não em relação ao processo criativo. Este surge a qualquer hora, em qualquer lugar: uma palavra, um gesto, um outdoor, um fiapo de conversa são capazes de deflagrar uma idéia, que anoto para trabalhar nela depois.

4. Os bons poemas têm algumas características, ou seja, quais são os elementos lhe causam maior impressão ao ler um poema?

Gosto principalmente de poemas que me apresentam uma visão diferente de um assunto muitas vezes banal, ou seja, poemas que causam impacto, que me fazem refletir/questionar o mundo, mas com certa ironia ou humor.

5. Falam que os poetas só têm olhos para a própria obra, você que é co-editora do site literário Blocos Online, acha que os poetas gostam de ler poemas de outros autores?

Há os que gostam e os que não, é sempre perigoso generalizar, quando se trata de gente. De qualquer modo, não havendo ainda a legalização da profissão de escritor, o que falta à grande maioria é a noção de classe – isso é um fato nítido e flagrante.

6. Pode enumerar algumas características que tornam um roteiro excelente?

Aquele que, além da dosagem certa de emoção, possui uma técnica narrativa que flui como se espontânea fosse. rss...

7. Nas Oficinas de roteiro que você ministra, encontrou algum aluno com o talento necessário para ser um roteirista profissional?

Sim, vários. Há autores excelentes que ainda não estão contratados – espero que seja apenas uma questão de tempo para que isto aconteça.

8. Que condições são necessárias para tornar-se roteirista?

Acho que as mesmas de um escritor: persistência, perseverança, vontade de acertar, autocrítica, reescrever quantas vezes for necessário até que a sinopse ou o roteiro lhe pareça perfeito, e, no caso da teledramaturgia, muito jogo de cintura para lidar com os incidentes de percurso dos bastidores, que acabam influindo na narrativa ficcional.

9. Em sua opinião qual novela da televisão teve ou tem um enredo realmente original?

Eu amava as novelas do Bráulio Pedroso, achava-o simplesmente genial, penso que ele praticamente criou a teledramaturgia brasileira contemporânea com Beto Rockfeller e O Rebu. Atualmente acho Manoel Carlos um grande escritor, e também acompanho algumas novelas do Gilberto Braga, Agnaldo Silva e Alcides Nogueira.

10. Que conselho daria a um roteirista iniciante?

Nunca desista do seu ideal.