Porfessora Ana Márcia entrevistada pelo site RIOEDUCA.

ENTREVISTA PARA O PORTAL RIOEDUCA/5ªCRE. RJ

Rioeduca/5ªCRE: Qual seu nome, quantos anos de idade, qual (quais) escola (as)trabalha e turma (as)?

Profª Ana Márcia: Meu nome é Ana Márcia da Silva Vieira. Tenho 47 anos. Trabalho pela manhã na E.M.Pará e à tarde na E.M.Olegário Mariano.

Rioeduca/5ªCRE: Quanto tempo de experiência na área?

Profª Ana Márcia: No Município 12 anos, mas antes trabalhei muitos anos em Escolas Particulares.

Rioeduca/5ªCRE: Quantos alunos você tem hoje nas suas turmas?

Profª Ana Márcia: Tenho 28 alunos em cada turma, na Pará T:1301 e na EMOM T:1206. As duas turmas foram minhas no ano anterior, geralmente continuo com as minhas turmas durante todo o período de alfabetização (3 primeiros anos). Este ano (2012) voltarei para o 1º ano na Pará e continuarei com a turma da EMOM no 3º ano.

Rioeduca/5ªCRE: Qual a metodologia que você utiliza para alfabetizar seus alunos?

Profª Ana Márcia: Não gosto de nomear métodos. No início da Alfabetização (1º ano) costumo trabalhar partindo da Palavra, mas uma palavra contextualizada, sempre partindo do texto que geralmente pode ser uma música ou poesia.

Rioeduca/5ªCRE: Como é o cotidiano nas suas turmas?

Profª Ana Márcia: Este cotidiano varia muito dependendo do ano em que esteja trabalhando, mas uma coisa é fundamental, seja qual for o ano o Cantinho da Leitura tem destaque na nossa sala. Acredito que o Cantinho da Leitura tem que ser colorido e alegre para que a criança perceba que ler é uma coisa alegre e agradável.

Rioeduca/5ªCRE: Você trabalha com diferentes gêneros textuais?

Profª Ana Márcia: Claro. A alfabetização desde o 1º ano trabalha com várias tipologias textuais, músicas, poesias, receitas, HQ, dicionário , etc. No início lidas por mim e depois lidas por eles, estimuladas.

Rioeduca/5ªCRE: Você conta histórias para seus alunos? Quando e de que forma você as usam?

Profª Ana Márcia: Sim, é claro! No 1º ano eu separo diariamente uma história e conto para eles no início da aula, onde coloco um cartaz intitulado histórias da semana. Lá eu escrevo o nome das histórias que ouviremos durante aquela semana. É muito legal, pois eles ficam querendo ler para saber que histórias ouvirão naquela semana. No 2º e 3º anos já não faço a leitura diariamente, eles dividem este momento comigo, pois já se acostumaram a ouvir histórias todos os dias, daí eles utilizam o Cantinho automaticamente; passam a levar livros para casa...

Rioeduca/5ªCRE: Quais as ferramentas de avaliação que você utiliza?

Profª Ana Márcia: Não tenho como especificar uma ferramenta de avaliação, pois os instrumentos são muitos, principalmente no 2º e 3º ano, já no 1º ano faço avaliação diariamente, oralmente e individualmente, chamando a minha mesa 3 ou 4 alunos, de forma que todos sejam avaliados semanalmente para acompanhar os progressos.

Rioeduca/5ªCRE: Como é trabalhada a oralidade nos alunos?

Profª Ana Márcia: Fica até difícil descrever todos estes momentos com palavras, pois eles variam de acordo com o ano de escolaridade. O 1º ano é o mais importante, porque estou formando neles este hábito, mas nos anos seguintes a oralidade já faz parte do nosso cotidiano, por isso o momento da história no início da aula torna-se fundamental, e o nosso Cantinho, onde tem um palquinho que vira “palco do nosso show de calouros”, já que a música está diariamente na nossa sala no 1º ano.

Rioeduca/5ªCRE: Como são as atividades de escrita na sala de aula?

Profª Ana Márcia: Depois de trabalhar a oralidade com a turma passamos, para a escrita que passa a ser um momento prazeroso, pois eles têm o que escrever. O professor não pode apenas pedir aos alunos que escrevam sem que dê a eles sobre o que escrever. Por isso é importante abrir a diversidade de textos desde o 1º ano.

Rioeduca/5ªCRE: Quanto a utilização de jogos na sala de aula, quais você utiliza?

Profª Ana Márcia: Acredito na importância do lúdico na sala de aula. Gosto muito do Bingo de letras, forca, quebra-cabeça, dominó de palavras, gosto do alfabeto móvel, etc. Gosto de trabalhar com cruzadinhas, caça-palavras...

Rioeduca/5ªCRE: Você gostaria de dizer algo sobre os projetos de alfabetização que você trabalha?

Profª Ana Márcia: Sempre trabalhei com CA nas escolas particulares, quando cheguei ao Município do Rio só conhecia o trabalho “tradicional”, mas tive contato com o construtivismo de uma forma radical e partindo daí decidi ter a minha própria forma de alfabetizar. Então, peguei o que eu acreditava no tradicional e o que eu acreditava no construtivismo, e passei a trabalhar no que acredito. Creio que todo professor tem que trabalhar assim, não importa o método, ele tem que trabalhar no que acredita.

Rioeduca/5ªCRE: Qual a sua visão sobre Alfabetização?

Profª Ana Márcia: Trabalhei 10 anos em uma escola no Morro da Pedreira em Costa Barros, uma área de alta periculosidade na 6ª CRE, onde aconteciam tiroteios constantes, o que acentuava a evasão escolar, e por isso saí do ano de 1999 pensando em conseguir uma forma de atrair as crianças para a Escola. Assistindo a uma reportagem em que se destacavam os benefícios de se levar animais aos hospitais infantis devido à relação afetiva que há das crianças com eles, encontrei o que eu precisava e decidi alfabetizar utilizando os animais e em 2000 comecei a colocar em prática este projeto. A cada semana trabalhava com um animal e assim introduzia a música, pois trabalhava uma letra de música para cada animal. Em 2002 voltei para turma de 1º ano e vendo uma edição da revista NÓS DA ESCOLA, onde aparecia um mural com umas garças de origami na capa, tive a ideia de criar um mural intitulado “Os animais na Natureza” e pesquisei e consegui montar o mural de origami, onde a cada semana retirávamos um animal do mural e o colocávamos num mural menor onde era trabalhado durante aquela semana.

Até então só trabalhava as histórias com objetivos didáticos. Em 2003 fiz uma capacitação na 6ª CRE onde a dinamizadora sugeriu que contássemos histórias diariamente para as crianças, não para trabalhar algo, mas ler por prazer, aquilo falou muito comigo, anotei na minha agenda, “No próximo ano contarei histórias todos os dias para meus alunos” e no ano seguinte relendo-a resolvi colocar em prática. A ideia de criar meu Cantinho da Leitura com palquinho partiu da leitura da Revista NOVA ESCOLA. Em 2004 e 2005 trabalhei assim, mas no início de 2006 comecei a me questionar se eu não estava andando sem rumo estava misturando muita coisa, não conseguia fazer a conexão entre estas ideias. Quando sentei em 2006 com as professoras do 1º ano para organizarmos nossa proposta de trabalho para aquele ano, uma delas, depois de me ouvir, conseguiu resumir de forma organizada todas as ideias que eu vinha trabalhando. Ela disse: “os animais são a fonte de estímulo e os resto serve de complemento”. E assim organizei o projeto chamado “Orquestra Legal”.

Quando terminei o curso Normal não quis fazer Faculdade por achar que eu já era o que queria ser professora. Mas eu tinha muitas ideias que não conseguia colocar no papel e por este motivo decidi ir para a Faculdade de LETRAS (Português/Literatura), para aprender a escrever, por isso fiz a Faculdade e depois decidi fazer pós-graduação de Psicopedagogia Clínica e Institucional para tentar encontrar uma forma de poder ajudar meus alunos que não conseguiam aprender. Quando terminei decidi fazer a pós de Psicomotricidade, porque já trabalhava a parte motora com a música e queria fazer isto de forma produtiva. Depois de trabalhar com o origami vi os benefícios de se trabalhar com a Arte e por isso estou cursando uma pós de Arte em Educação e Saúde.

Acredito na teoria das Inteligências Múltiplas de Howard Gardner, acredito na Teoria do trabalho com Projetos Pedagógicos de Fernando Hernandez, gosto da Teoria de Wallon sobre trabalhar a parte motora dos alunos, mas como disse antes ninguém é 100%, por isso utilizo o que acredito em cada uma destas teorias.

Meu objetivo principal não é só alfabetizar, mas formar leitores, este é o meu maior ponto de afinidade com esta Secretaria atual. Saí da 6ª CRE em 2008 e estou na 5ª CRE desde então, pois agora estou mais perto de casa. Acredito que a data mais importante de uma Escola deveria ser o Dia do Livro, mas infelizmente é uma data que muitas vezes passa em “branco”. A Escola gira o tempo todo em torno do livro, seja ele didático, de história, dicionário etc. Logo, ele deveria ter um destaque dentro da Escola.

Rioeduca/5ªCRE: O que você está achando da nova mentalidade e estrutura da SME, apostando tudo num ensino de melhor qualidade?

Profª Ana Márcia: Concordo com alguns pontos, discordo de outros, mas ninguém consegue ser 100%. Uma coisa é inegável, eu sinto que a Secretária Municipal de Educação, profª Claudia Costin, acredita no que faz, tem um desejo muito grande de acertar e está empenhada nisso.

Rioeduca/5ªCRE: Quais suas perspectivas para 2012?

Profª Ana Márcia: São muito boas, pois pretendo concluir o trabalho com a minha turma na EMOM no 3º ano e iniciar um novo trabalho no 1º ano na Pará. Soube pela Secretária Claudia Costin que haverá um projeto de estímulo a leitura no 1º ano e tenho boas expectativas, prefiro pensar positivo, sempre acredito que o ano seguinte será melhor.

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