Eva

Vim da costela de Adão, nunca compartilhei pães, naquela época não os existia. Nada; sem amigas, vestidos ou fofocas. Restara-me Adão, só tinha ele. Sempre foi bom, paciente e generoso, as vezes perdia a cabeça, mas me fazia bem. Éramos como animais, sexo e comida, sobrevivíamos felizes com o que tínhamos. Sempre questionávamos nosso criador em segredo para Ele não escutar, não ficar sabendo. Caso soubesse, nos puniria. Havia dias de chuva e dias de sol, animais diversos, vegetações, nenhuma construção, mas ao mesmo tempo tudo era construído. Era belo, natural. Dias incríveis eram os que Adão trazia pequenos cogumelos que encontrava a margem do Rio. O gosto não era muito bom, comiamos cru, o importante era o efeito. Víamos coisas inexplicáveis, imaginávamos... Até falávamos sobre algo que acabamos criando, Deus. Era um barato. Um dia, após ingerirmos alguns, peguei-me olhando para o buraco de uma árvore com uma pequena vegetação rasteira. De lá, saiu uma cobra; espantada, o bicho começou a falar. Não acreditei... Conversamos, e a generosa criatura ofereceu-me uma maçã. Aceitei, após a primeira mordida, a danada desapareceu. A viagem só ficou ainda maior, e o barato mais louco. Talvez a cobra fosse traficante, porque aquilo de fato era um entorpecente. Após outro cogumelo que Adão insistira, tive um surto, um colapso e acabei apagando. Vi uma luz, não sabia onde estava, não sabia de nada, e o resto é história.

Marquês de Verona
Enviado por Marquês de Verona em 12/05/2017
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