A Raposa e a Coruja

A floresta estava em polvorosa. A temporada de caça estava se aproximando, e logo, caçadores portando espingardas, balestras e armadilhas invadiriam o lugar, espalhando terror por onde passarem. Se quisessem sobreviver, os animais precisavam se organizar. Precisavam se unir. Precisavam de liderança. Então, eles se reuniram para escolher quem os liderasse, e a disputa ficou entra a raposa e a coruja.

– As corujas são símbolos de sabedoria – Começou a coruja. – Como a coruja de Atena, a deusa da sabedoria.

– As raposas são símbolos de sagacidade – Rebateu a raposa. – Lendas de nossa astúcia ecoam desde o estremo oriente.

– Eu possuo a capacidade de girar meu pescoço a trezentos e sessenta graus, aumentando meu campo de visão. – Continuou a coruja.

– Eu possuo um olfato apurado, me permitindo identificar ameaças distantes. – A raposa não ficava atrás.

– Eu posso sobrevoar a floresta para alertar da aproximação de qualquer ameaça. – A coruja soava orgulhosa.

– E ficaria vulnerável para ser abatida em pleno voo. – Desdenhou a raposa. – Eu posso me embrenhar nos arbustos e, incógnito, localizar os caçadores.

– E estaria à mercê das armadilhas e dos perdigueiros. – Devolveu a coruja. – O que se pode esperar de um ladrão de galinhas?

– Belas palavras vindas de uma caçadora de roedores. – A raposa não se abalava. – Além do mais, todos sabem que você levanta voo à noite.

Os dois ficaram ali por horas, discutindo suas qualidades e defeitos, com seus aliados aumentando o coro e alimentando ainda mais a discórdia. O esquilo, que até então, observava a tudo em silêncio, ergueu a pata, humildemente pedindo a palavra.

– Com licença, por que os dois não lideram juntos?

– Eu e ela? – Perguntou a coruja.

– Liderando juntas? – Completou a raposa.

– Bem... – o esquilo começou, meio sem jeito. – Os dois expuseram suas qualidades, e mostraram como cobririam as falhas do outro. Juntos, vocês poderiam se completar e os benefícios seriam maiores.

– Mas, então... – A coruja começou.

– Quem ganharia com isso? – A raposa terminou a pergunta.

– Todos nós, eu imagino.

E foi assim, que o esquilo foi escolhido para liderar os animais.

Moral da história: Somente quem for capaz de colocar o bem de uma comunidade acima do seu próprio ego e da sua vaidade, possui o direito de liderar.