Quando pequeno, ouvimos muitas histórias e estórias, no meu sertão nordestino esses contos, lendas, são contados em qualquer noite ou roda de fogueira, e ouvimos seus contadores que com o brilho nos olhos relatam com tanta veracidade que acreditamos sem pensar. Outro dia ouvi uma estória sobre um certo “Fogo Corredor”, nessa lenda o contador disse que até aquele momento ninguém tinha conseguido chegar perto, pois quanto mais se aproxima, para mais longe vai o “Fogo Corredor”, isso acaba impressionando e deixando curioso o observador.
Como um menino inquieto e curioso procurei conhecer melhor esta lenda de uma forma real, em uma noite bem escura fui caminhar na caatinga, minha intenção era avistar o tal fogo. A noite era assustadora, um cantar de um grilo em algum lugar, o piar de uma coruja ou seu voo sobre a copa das baraúnas me deixava assustado, mas tinha que continuar, era destemido, quando colocava uma coisa na cabeça ia até o fim, mesmo sem saber como seria esse fim, como acreditava em minha intuição e fé, tudo sempre dava certo ou quase.
Depois de caminhar entre os marmeleiros por algum tempo, percebi que em algum lugar havia uma luz forte, quando a gente procura algo assim, mesmo distante de nossos olhos percebemos que estamos perto, isso aconteceu comigo, sabia que tinha algo sobrenatural em minha volta, só faltava observar melhor entre os marmeleiros e encontrar algo, isso não demorou muito, quando dei por mim já estava de frente do lendário “Fogo Corredor”.
Por algum tempo, não sei quanto, fiquei parado, mas, depois corri ao seu encontro, tinha esperança de alcançá-lo, logo percebi que, quanto mais eu ia em sua direção ele se afastava, veio então a lembrança da história da lenda em minha mente, então percebi que era verdadeira. Outro dia em uma conversa com o Velho, meu amigo de todos os conhecimentos e mistérios, este escutou minha história e orientou que se eu novamente encontrasse o “Fogo Corredor”, deveria está com o coração puro, a alma limpa, paciência, honestidade, lealdade e com um objetivo concreto, aí poderia descobri seu segredo.
Então aceitei o desafio e em uma outra noite escura saí para caminhar na caatinga, tinha que encontrar o “Fogo Corredor”. Novamente o sobrenatural tomou conta e eu pressentia que o havia encontrado, sentia seu calor, sua luz em minha volta, mas não o via, isso deveria demorar pouco, pois o sentia cada vez mais. Quando o avistei, parecia um pequeno disco esperando seu lançador, mantinha-se em uma distância de mais o menos quinhentos metros, observei por uns momentos e segui sem sua direção, como fui orientado pelo meu amigo Velho, o fogo não se moveria, então fui se aproximando e cheguei tão perto que poderia tocá-lo.
Observei com atenção e bem perto, logo vi que não se tratava de uma tocha ou qualquer fogo misterioso, e sim da união de centenas e milhares de vaga-lumes, eles, no entanto formando assim aquele circulo com aquela luz brilhante. Intrigado, voltei e procurei o Velho para que explicasse este segredo, esse mistério, para minha surpresa o Velho me disse que os vaga-lumes eram tão perseguidos e invejados por causa de sua luz e beleza, seu tempo de vida era tão curto que para manter sua luz por mais tempo que seu tempo de vida, só seria possível unindo-se para brilhar mais forte e se transformarem em uma lenda, assim permanecer na caatinga, nas matas do sertão, por muito tempo.
Mas, que toda pessoa pura poderia vê-los, saber de seu segredo, foi assim que entendi que a união e a persistência fazem com que a luz nunca se apague, fazendo assim que se torne uma lenda dentro da escuridão, que essa luz imaginário não seja enxergada só por quem tem os olhos bons, mas, por quem tem o coração puro.
Léo Pajeú Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Bargom Leonires em 19/05/2017
Reeditado em 23/08/2017
Código do texto: T6003745
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