Microconto_Liberdade condicionada.

O pássaro não sentiu mais o bater de suas asas quando fora atingido por uma pedra.

Caiu num rompante em meio a folhas secas.

Ao seu lado, uma flor chorava.

- O que houve bela flor?- disse ele.

- Eu quero ser livre.- disse ela.

- Mas és livre, não?

-Livre até que alguém me apanhe, livre até que eu murche e minhas pétalas sejam levadas pelo vento.

- Mas ao ter suas pétalas levadas pelo vento, você não poderá ir pra onde quiser?

- Quando minhas pétalas forem levadas pelo vento eu não terei mais vida, nobre pássaro. Não sou como você que pode ir pra onde quiser. Sair de onde estou significa não mais viver.

-Não se você for plantada em outro lugar bela flor.

-Você me leva para outro lugar? -disse a flor com esperança.

- Não posso. A minha liberdade também é condicionada.

O pássaro e a flor, ambos com a uma liberdade condicionada. Seja preso em uma gaiola, seja respirando lentamente dentro de vasos. Dois seres livre porém presos a vontade humana.

- Tive uma ideia- disse a flor.- Leve minhas sementes em seu bico e as espalhe por ai, assim eu estarei viva em vários lugares e essas minhas muitas outras vidas darão vida a outros como você. Assim seremos livres por sermos muitos.

O pássaro então, após se recuperar, pegou as sementes da bela flor e espalhou por vários lugares, fazendo então os lugares mais bonitos e rodeados por outros pássaros que assim como ele, também tinham uma liberdade condicionada.

Elmo Férrer
Enviado por Elmo Férrer em 17/08/2017
Reeditado em 15/09/2017
Código do texto: T6087040
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