SUMÁRIO

 APRESENTAÇÃO
Caro(a):

Como sabem os leitores desta coletânea REDIGIRMelhor, sou Serelepe, o faz-tudo aqui deste pedaço eletrônico. Assim, vamos em frente, para aprender um pouco mais sobre dicionários de regência.

HÁ QUEM MANDE E HÁ QUEM OBEDEÇA 


No mundo da língua, como numa sociedade humana, vivem as palavras em contato umas com as outras, estabelecendo relações e dependências. Assim, da mesma forma que no mundo dos homens, há na sociedade das palavras

          ► os que coordenam e comandam e
         
 os que se subordinam e obedecem. 

Ou, em termos gramaticais: palavras que regem outras palavras. Termos que regem e termos que são regidos. A palavra que rege outra é a regente, a palavra que depende da regente é a regida.

Regência é, pois,  no sentido restrito que nos interessa aqui, o mecanismo que regula as ligações entre um verbo (ou nome) e os seus complementos.


O que dissermos a seguir sobre os verbos (Regência Verbal), aplica-se  um pouco mais ou menos, também, aos nomes: substantivos, adjetivos e advérbios (Regência Nominal).

PREDIÇÃO E TRANSITIVIDADE

Nesse capítulo da Regência, destaca-se o estudo da predicação verbal – em que se analisa se o verbo, em determinada oração, possui ou não complementos.

Se um verbo necessita de complemento(s) para formar uma frase de sentido completo, dizemos que o verbo é transitivo, isto é, o seu sentido transita para/pelo [o] complemento.

Verbos há que não admitem complementos. Bastam a si mesmos para a sua significação, como é o caso de existir e dormir. Tais verbos são ditos intransitivos.

Havendo complementos, ou seja, se o verbo for transitivo: precisamos verificar se os complementos são regidos (ou não) de determinada preposição, isto é, se exigem (ou não) uma preposição para se ligarem ao verbo cujo sentido complementam.


se forem introduzidos diretamente (sem preposição): o verbo é dito transitivo direto, e o seu complemento classifica-se como objeto direto.
se exigirem uma preposição: o verbo é denominado transitivo indireto, e o seu complemento classifica-se como objeto indireto.

Assim, regência “refere à exigência, ou não, de um complemento, para a perfeita compreensão da mensagem (...) se uma palavra (geralmente um verbo ou um nome) exige ou não um complemento, e qual o tipo desse complemento”  (Adriano da Gama Kury).

Enfim, consiste na escolha da preposição adequada para fazer a ligação da palavra regente com a palavra regida (Antenor Nascentes).
 
Bem, isso tudo é teoria, na prática é saber:

     1. A palavra (verbo ou nome) precisa de complemento?
     
2. Se positiva a resposta: o complemento é introduzido por preposição?
     3
Se positiva a resposta: que preposição?
    
4. Havendo mais de uma, qual se aplica ao caso?


PREPOSIÇÃO
        Cara(o):
 
― Ah, somente para o caso de você não se recordar o que é preposição e para que  serve, a minha  companheira Notinha, do REDIGIRMelhor, está logo abaixo para lhe dar uma mãozinha.
 

Notinha
 
Palavras: Classificação Simplificada Classes Gramaticais ou Classes de Palavras Características Semânticas e Funcionais

Flexões

Função Sintática

Exemplos

Conectivas:


Empregadas para unir palavras e expressões lógicas
Preposição:


É a palavra invariável que liga
dois termos
 Liga termos de uma oração, estabelecendo variadas relações entre eles
 === Conectivo Por entre as árvores,
os coelhos corriam

A casa de pedra resistiu ao terremoto

Deixei para trás os concorrentes
 

OS DICIONÁRIOS DE REGÊNCIA

Mesmo exposta assim a passos didáticos, nota-se o quanto é complexa a questão. Aliás, a regência, como se sabe, é um dos mais extensos e difíceis pontos da sintaxe, e não há quem trate o assunto exaustivamente, até porque “as dificuldades reais da língua cifram-se, quase, em dúvidas de regência”, já dizia, em 1940,  o filólogo mineiro Aires da Mata Machado Filho, no prefácio do Dicionário de Verbos e Regimes de Francisco Fernandes.

“A correta regência dos verbos e dos nomes constitui a maior dificuldade no trato de qualquer língua, inclusive da própria. Por outro lado, não é matéria de gramática declarar a regência das palavras de sentido relativo, tão numerosas são elas e tão vário é o regime. Para isso, existem os bons dicionários, sobretudo os dicionários especializados, isto é, dicionários de regência. Aí os verbos (ou nomes) são apresentados em suas diversas significações, e explicita-se como se constroem: com objeto direto, com objeto indireto, com complemento regido de em, para, por, com, de, etc., tudo isso justificado com exemplos de bons autores.” (Gladstone Chaves de Melo. Gramática Fundamental da Língua Portuguesa).

Desse modo, não há regras seguras capazes de nos guiar o tempo todo na solução de problemas de regência, quer verbal, quer nominal. O melhor caminho é a consulta aos dicionários, quando nos sentirmos inseguros. Mas não aos dicionários comuns, de definições somente, visto que esses geralmente não esclarecem o problema em toda a sua extensão (conquanto, atualmente, os dicionários estejam enriquecidos, também, nesse ponto), mas sim aos especializados, quero dizer


   
     ♦ os dicionários de Regência Verbal (relativo à subordinação dos verbos), ou

         
aos de Regência Nominal (relativo à subordinação dos nomes – substantivos e adjetivos).
 
Mesmo assim, por similitude de exemplos, pois a regência do verbo (e do nome) só se concretiza na frase:

 
   
Há numerosos verbos cuja predicação somente pode ser determinada no contexto de uma frase, nunca isolados. (...) [há verbos] de predicação múltipla (Adriano Kury).
 
Uma última palavra: Veja que há verbos

         ♦ que alteram o sentido conforme alteram a regência: assistir, chamar, visar, aspirar.

    
com mais de uma regência e o mesmo significado: lembrar, esquecer, recordar,  admirar, necessitar, perdoar.

      
com regência diferente no uso popular e no uso culto: chegar, ir, vir,  morar, residir, namorar.

 
Os dicionários de regência mais conhecidos são estes:
 
Dicionário Prático de Regência Verbal –Celso Pedro Luft – Editora Atica
Dicionário Prático de Regência Nominal –Celso Pedro Luft – Editora Atica
Dicionário de Verbos e Regimes – Francisco Fernandes – Ed. Globo
Dicionário de Regimes de Substantivos e Adjetivos – Francisco Fernandes – Ed. Globo
Dicionário de Regência Nominal Portuguesa –Alfredo de Carvalho – Ed. Garnier
Dicionário Houaiss - Verbos - Conjugação e uso de preposições - Editora Objetiva