Enxaguando a língua Ensaboada - Lições de Gramática e Linguística Portuguesa(s)

É um livro que, para além de servir como corrector gramatical e sociolinguístico do livro Ensaboado & Enxaguado - Língua Portuguesa e Etiqueta, de José Carlos de Almeida, jurista, professor e autor angolano, surge como um instrumento defensor e promotor, embora não tenha uma gramática externalizada, do Português Angolano, língua materna de muitos, aquele português falado por uma boa parte de angolanos, letrados ou não, em situações formais ou não.

Surge, também, para demonstrar aos demais puristas e conservadores dos dogmas da velha tradição gramatical que, conforme refere Bagno, ‘’nada na língua é por acaso’’ e que ‘’o modo estranho de falar uma língua tem, do ponto de vista das ciências sociais, uma explicação’’ que não se prende unica e exclusivamente ao correcto e ao errado, ao sim e ao não, algo que, para D' Silvas Filho (2011), somente diz respeito à Ética.

Para além da questão sobre a variante angolana do português, aborda também assuntos atinentes ao preconceito linguístico e à forma como muitos, aqueles que não se enquadram ao padrão linguístico estrangeiro e externo, são excluídos de certos convívios sociais por demonstrarem alguns ‘’falares’’ diferentes do habitual, fruto, nalguns casos, das interferências das línguas bantu locais e de algumas patologias da linguagem; apontando, por fim, alguns promotores de tais acções desumanas.

É um pequeno livro que faz uma mini-abordagem acerca daquilo que em Angola se fala e que é tido por muitos, lamentavelmente, como um crime, um lixo, sinónimo de desaculturação linguística, falta de boca, falta de escolaridade, falta de gramática, atentado, transgressões lexicais, semânticas, morfossintácticas, desrespeito, deliquência linguística, etc., explicando, finalmente, alguns fenómenos linguísticos mais recorrentes em Angola.