Os tempos do pretérito perfeito

Estudaremos, neste texto, três tempos verbais cuja conjugação costuma oferecer dúvidas: o pretérito mais-que-perfeito do indicativo, o pretérito imperfeito do subjuntivo e o futuro do subjuntivo.

A boa notícia é que há um processo muito simples que lhes vai permitir conjugar esses tempos em todos os verbos do idioma.

Para isso, basta que saibam conjugar o pretérito perfeito do indicativo (tempo que indica acontecimentos concluídos no passado). Os menos familiarizados com os estudos verbais podem chegar facilmente ao pretérito perfeito antepondo ao pronome o advérbio “ontem” e – repetimos – lembrando que se trata de um processo plenamente concluído. Assim: ontem eu falei, ontem eu vendi, ontem eu parti, ontem eu pus, ontem eu estive etc.

Continuando a conjugação do pretérito perfeito, paremos na segunda pessoa do singular, que sempre termina em -ste. Usando os verbos anteriores, teremos as formas: tu falaste, tu vendeste, tu partiste, tu puseste, tu estiveste.

Obtida a segunda pessoa do singular, eliminamos a desinência -ste e encontramos o que os gramáticos chamam de tema do pretérito perfeito: fala-, vende-, parti-, puse- e estive-.

Encontrado o tema, adicionamos os sufixos -ra, -sse e -r, obtendo assim, na ordem, a primeira pessoa do singular do pretérito mais-que-perfeito, do pretérito imperfeito do subjuntivo e do futuro do subjuntivo de todos os verbos do idioma.

Escolho, entre os anteriormente citados, o verbo “pôr”, cujas formas “pusera”, “pusesse” e “puser” constituem as primeiras pessoas dos referidos tempos derivados do pretérito. Fácil e prático, não?

Encontrada a primeira pessoa, as restantes são feitas somando-se as terminações previamente sabidas. Assim: pusera, puseras, pusera, puséramos, puséreis, puseram; pusesse, pusesses, pusesse, puséssemos, pusésseis, pusessem; puser, puseres, puser, pusermos, puserdes, puserem.

Antes de finalizar, pensemos no verbo “ver”. Como seriam os tempos derivados do pretérito perfeito? A segunda pessoa do singular do perfeito é “viste”, portanto os tempos derivados se apresentam da seguinte forma: “vira”, “visse” e “vir”.

Observem que o futuro do subjuntivo de “ver” é “vir”. Portanto, escrevemos (e dizemos, segundo a norma culta) “quando/se eu vir”, “quando/se tu vires”, “quando/se ele vir” etc. Ocorre, ainda, que a construção “Ao ver o amigo, chamei-o” está correta, porque o verbo apresenta-se no infinitivo, o que não ocorre em “Quando/se eu o vir...”, pois o verbo, nesse caso, encontra-se no subjuntivo.

Pensem em outros verbos e procurem conjugá-los nas formas derivadas do pretérito perfeito. Vocês vão ver que o processo não falha e vocês não terão dificuldades, por exemplo, quando forem construir orações subordinadas do tipo “se eu vier, se eu viesse” (verbo vir), “se eu for, fosse” (verbo ser ou ir), “se eu couber, coubesse” (v. caber) e assim por diante. Questão de treino!