Fernando Pessoa - Heterônimos

Fernando Pessoa - quatro poetas em um: Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Alvaro de Campos e ele próprio (cada qual fortemente distinto com características bem divergentes).

Fernando Pessoa

Fernando Pessoa, foi um poeta e escritor português.

É considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa e o seu valor é comparado ao de Camões. Teve uma vida discreta, atuante no jornalismo, na publicidade, no comércio e principalmente na literatura, onde se desdobrou em várias outras personalidades conhecidas como heterônimos.

A figura enigmática em que se tornou movimenta grande parte dos estudos sobre sua vida e obra, além do fato de ser o maior autor da heteronímia.

Tinha uma personalidade com conflitos não solucionados, com inibições de um comportamento sexualmente indeciso, oscilando entre o melindre e a tentação dos sentidos, decepcionado pelo seu corpo material e pelas circunstâncias de vida que o limitavam - era magro, calvo disfarçado pelo chapéu, sem sucesso amoroso, sem carreira profissional, endividado, porém com superação na escrita, fator esse que proprocionou seus desdobramentos de personalidade. Havia um processo constante de busca esotérica sobre si mesmo e sobre Portugal.

Heterônimos =

Álvaro de Campos

O heterônimo Álvaro de Campos, tem a visão multifacetada do real e a crise de identidade são seus marcos.

Viveu tudo na vida intensamente. Possuia a filosofia do niilismo - nada valeu a pena tudo foi em vão. Não sou nada , não quero nada.

Expressava tédio por um mundo que não o aceitava se expressava com linguagem despida de beleza, era solitário e depressivo.

Esse poeta não contava com ninguém a não ser consigo mesmo(niilismo). Sua poesia era rotesca, gênero literário desqualificado, a finalidade do grotesco era aliviar-nos a beleza. O seu esforço em conhecer a si próprio fragmenta o seu próprio EU." O EU de ontem jamais é idêntico ao EU de hoje". Impotente frente ao real.

Ricardo Reis

O heterônimo Ricardo Reis utiliza estilo refinado vê a forma poética, mediado pela frieza e pelo controle emocional. Oferece reflexão sobre as coisas, define a vida como passageira - vamos morrer - tudo afinal é ilusão, o tempo passa, aproveitemos a vida (Carpe Dien).

Considerado autor clássico pois utiliza figuras mitológicas e vocabulário professoral, o que vale é o real visto em sua superfície, apreendido pelos sentidos, a religião é pagã, a natureza é a pluraridade das coisas, o que vale é o real. Na verdade para ele o cristão quer colocar o seu Cristo acima dos outros deuses, para ele cristo é só mais um Deus.

O que predomina é a razao sobre a sensibilidade, o homem é impotente perante a morte - ele não supera o fato de morrer.

O que existe é a realidade do agora - o real.

Alberto Caeiro

O heterônimo Alberto Caeiro é o próprio paganista, mestre dos outros heterônimos, pensava de forma simples, sem questionamentos - viva sem pensar na morte - quando se pensa perde o prazer do natural (inocente).

Para Caeiro não há mistérios nas coisas, o que vejo, vejo e pronto. Sendo assim o corpo e a alma, unem-se ao corpo que é palpável e visível. A alma isolada é inexistente pois não se vê (natureza física + alma corporal = corpo).

Cristo existe desde que materializado - Cristo pode ser uma flor...

Na poesia tem uma estética na qual a imperfeição compõe uma poesia desarmoniosa, sem preocupação com a forma estética e rimas - é tido como poeta desleixado, para ele a própria natureza é sempre desigual, por isso não existe harmonia na natureza, as coisas são diferentes umas das outras.

Caeiro não se prendeu a nada - viveu por viver - viver é normal.