A. A. de Assis
Um Amigo Para Todas as Horas

Retrato: Jaime Pina-UBT SP
 


Por JB Xavier

Algumas pessoas vivem do estardalhaço e com ele buscam sua auto-afirmação; outras, alimentam-se do silêncio e dele se originam suas forças. É o caso de A. A. de Assis.

                Assis pertence à classe de pessoas especiais, em cuja proximidade todos desejam estar, porque emana dele tal mansuetude, que o universo se apazigua ao seu redor.

                De Antonio Augusto de Assis vem a placidez do recolhimento e a contemplação parece orientar seus gestos e palavras, mesmo em seus momentos de maior descontração.

                Como diz Olga Agulhon, no livro ‘Vida, Verso e prosa’ de autoria do homenageado: ‘‘Conviver com A. A. de Assis é verdadeiramente uma bênção. Ele vive plenamente e emana dele tantas boas energias  que todos ao seu redor também se transformam e querem com ele aprender.’’

                Viver plenamente: talvez esteja aí o segredo dos sábios. Sapiência não é  acúmulo de conhecimentos, embora a atenção à experiência costume levar a ela, tampouco é a presunção do saber, porque esta afasta a humildade, que é  o primeiro requisito do sábio. Paradoxalmente, sapiência é a consciência do não saber, é a compreensão vívida das próprias limitações.

                Neste sentido A. A. de Assis é sábio, porque nunca o vi alardear saber. Pelo contrário, sempre que o encontrei nas muitas festas da UBT nas quais tive o prazer de sua companhia, sempre o vi observando, mais que falando, e isto, se não é a sapiência, é, pelo menos, uma das veredas do caminho que leva a ela.     

                Em outro trecho, Agulhon diz: ‘’O homem poeta - de alma ou expressão -
não é como um homem qualquer, que se deixa levar pela correria quase automática que o cotidiano teima em nos impor. Ao contrário, é aquele que tem sensibilidade de enxergar a beleza, o sentido, a estesia de cada fragmento de vida existente nas entrelinhas e nos segundos que passam’’.

                E eu completaria: Eis porque A. A. de Assis é um diamante entre esmeraldas, um hino entre o ruído, um oásis na desolação.

                 Ele não rege sua passagem por este mundo através apenas do dizer e do pensar, mas também do fazer, e acima de tudo, do sentir.

                Seu espírito inquiridor está sempre arguindo a vida que o cerca, em busca de novas descobertas para exprimir a beleza.

A convivência com A. A. de Assis convida ao pensar. Muitas vezes, nas rodas de amigos, o vi sorrir complacente, certamente diante de algum arroubo de sabedoria de algum interlocutor, tentando impressionar com seus conhecimentos.

                Nessas ocasiões fiquei a observá-lo com redobrada atenção, ao ver umpoeta que já venceu todos os concursos possíveis na UBT, que já conquistou todos os títulos disponíveis, sorrindo complacentemente ao exibido. Entretanto, apesar de todas as suas conquistas, não se percebe certezas em A. A. de Assis. E de que outra forma poder-se-ia reconhecer um sábio, senão pela dúvida? Não existe sabedoria na certeza. Pelo contrário! A sabedoria que flui da certeza frequentemente é estúpida; a ignorância que flui da dúvida frequentemente é sábia.
               
A palavra que me ocorre ao conviver com A. A. de Assis é ‘Plenitude’! A pobreza de espírito se mantém distante dele, porque esse sentido de plenitude que o acompanha fá-lo transbordar do cadinho fervente de seu universo criativo particular e escorrer como lava fervilhante de vida pelas encostas crestadas de um mundo cinza, colorindo-o com seus versos, instalando vida através da poesia, espalhando esperança através da sua fé.

                A. A. de Assis pertence à classe daqueles que tratam bem o seu hoje, e ao fazê-lo, constroem um ontem que deixa saudades e um amanhã gentilmente esperançoso.

                Ainda Aguilhon: ‘’A. A. de Assis olha e enxerga, repara e escuta, sente e recolhe, para depois transformar tudo em poesia.’’

                A. A. de Assis - um homem que, com mansuetude e suavidade, nos lembra que há momentos em que apenas nós próprios podemos ser nossos confessores, e que os princípios impostos por nós sobre nós mesmos, assim como sua transgressão, não precisam ser explicados a mais ninguém, além de nossa própria consciência 
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JB Xavier é Trovador  e Editor do Informativo da seção São Paulo
UBT
Enviado por UBT em 03/10/2011
Reeditado em 26/04/2013
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