Meu eterno companheiro

Dizem que almas gêmeas não existem... sei lá. Vai que.... Éramos muito parceiros, gostávamos de aventuras, caminhadas, papos molhados (rss..). Acreditem, fizemos uma viagem de ônibus de Brasília à Belém e voltamos de ônibus também, descobrimos lugares, conhecemos pessoas, rimos e fomos felizes, cansaço? Nem pensar, adorávamos viajar. Ele me apresentou “Os Luzíadas”, Fernando Pessoa, a cultura portuguesa foi se entranhando em meu sangue também lusitano. E quando eu precisava de bronca lá estava ele pronto me chamando de “moleca”, sem juízo, etc.. Mas, em compensação não tinha miséria na hora de carinho, fosse aonde fosse. Eu sempre contei com ele pra tudo, muitos sentiam ciúmes (rs..), nada de muito grave, é que nossa felicidade era escrachada, extravagante, gritante. Adorávamos viajar nem que fosse através de sonhos, olhávamos o mapa e nos divertíamos viajando virtualmente por lugares mais esquisitos, procurávamos os nomes mais bizarros. Nosso chá da tarde era sagrado, nosso papo noturno antes de dormir era confortante. O calor nos incomodava e adorávamos o frio. Quando estávamos na praia ficávamos a maior parte do tempo brincando na água, tomamos muitos banhos de chuva também. Quando ele não podia viajar me dava a maior força, mesmo sem muita grana ele dava um jeitinho, mesmo a viajem sendo perigosa e para lugares inusitados ele acreditava que eu fosse me dar bem. Sempre dizia que viajar era um aprendizado seja pra que lugar for, e eu ia. Quando chegava corria para os braços dele para contar minhas aventuras, ele ria muito e se emocionava. Muitas vezes choramos juntos, nos separamos, voltamos a nos encontrar, e agora estamos separados novamente há 8 anos por desígnios de Deus. Quando minha mãe desencarnou ele veio morar comigo, me adotou como “mãe”, não sabia viver sozinho. E acredite, é bom demais ser “Mãe” de um filho que foi seu pai e companheiro a vida toda. Te amo meu “rico português”, te amo José Augusto Carvalho, te amo parceiro eterno, nos encontraremos ainda e vamos rir muito novamente.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 12/02/2014
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