Dez anos sem a cor dos doces e cativantes olhos dela.
 
Dez anos sem o sorriso mais fascinante e bonito do planeta.
Dez anos, sumiu o plano de renovar a casa de Castelo Branco.
Dez anos sem poder ouvir muitas coisas bacanas a qual dizia.
Dez anos experimentando uma saudade que incomoda demais.
Dez anos distante a alegria tão intensa quando ela estava aqui.
 
Hoje digo a Anita, o Sol-Anita, minha mãe, meu ar, minha vida:
 
Repito, desejo gritar o quanto te amo
Continua o enorme pranto que derramo
Quantas páginas posso ainda descartar?
Impossível a tua lembrança linda afastar
Mostrar bem aos amigos a saudade ferindo
Mudar o verso, voltar a felicidade sentindo
 
Mainha, permita revelar o meu maior segredo
Às vezes sem a senhora provo um grande medo
Adeus! A dor cresce, inunda, um constante vento
A Deus faço a prece profunda, confiante eu tento
 
O ato encerrado, a alma agradece, os abraços aproveito
Muito emocionado, a calma aquece, nos teus braços deito

 
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Peço licença para fazer algumas observações sobre a imagem.
 
A foto acima surgiu com o uso de uma webcam simples.
A foto original, que forma um quadro o qual está “olhando” para mim agora, nasceu em 2000 ou 2001 (eu apostaria que foi em 2000).
No quarto de Fernanda, após ela retornar do colégio, eu, usando uma máquina bem discreta (na época das máquinas fotográficas discretas), propus tirar uma foto.
Concordam que saiu legal?
Eu cortei um pedacinho da cabeça de Fernanda, mas o rosto de mainha saiu inteiro.
 
Recordei o texto no qual eu destaco o bebê Ilmar, no primeiro instante que conheci os braços afetuosos de mainha, encantado com o seu olhar.
 
Observando a foto, verificando o rosto de mainha, eu volto a indagar:
De onde vem tanta beleza?
Como pode alguém me fascinar tanto assim?
 
* Ah! Mãe!
Eu preciso tanto dizer o quanto te amo!
Já pedi perdão porque quase não disse quando a senhora estava aqui.
Hoje escuto que a senhora vê minha aflição e nota meu arrependimento.
Também afirmam que a senhora está tomando conta de mim.
 
Um dia desses pensei na minha partida e, utilizando a magia da poesia, imaginei o que eu falaria caso encontrasse um grupo de anjos (almas bondosas com a forma humana, sem asas ou essas bobagens da ficção) me aguardando numa praia.
 
Falarei alguns versos, saudando-os (hoje só sei falar através de versos).
 
Eu pedirei para ver a senhora:
_ Carinhosos amigos, eu poderia ver o meu Sol? Foi difícil demais ficar esses anos sem o ar, sem o oxigênio. Eu desafiei a ciência sobrevivendo, mas agora, já que rasguei os horizontes do infinito, por que não voltar a enxergar a minha vida? Se eu deixei a vida sem ter, após setembro de 2004, nunca mais a vida, resta agora retornar a vida, ela, a bela Anita, a minha preciosa mãe, a violeta preferida, tão querida, todo o encanto, inesquecível canto o qual Deus me ofereceu. Oh! Gentis almas que me recebem, peço que tragam o alento, permitam que eu a veja! Se eu já atravessei o portal da morte, onde ela está? Suportarei a luz do seu olhar e saberei atenuar a minha indescritível emoção ou inundarei o oceano da eternidade expressando tamanha felicidade?
 
Sensibilizados eles indicarão a senhora se aproximando.
 
Nesse instante eu serei somente criança, mãe!
Vou correr e abraçar a senhora sem conseguir dizer qualquer palavra.
Descansando no teu colo, tentarei criar um poema, dois poemas, todos os versos até o sono me vencer.
Sairei do paraíso para mergulhar no paraíso dos sonhos.
 
Mais tarde despertarei.
Nos teus suaves braços, verei a senhora sorrindo encantadora.
_ Ilmar, meu querido! Estou tão feliz porque você está comigo de novo.
 
Sem permitir escapar os teus olhos nem consentir fugir o rosto o qual seduz as estrelas, nada direi, a paz provarei, a Deus tanto agradecerei.
Enfim, sorrirei.                                                                                            *
 
Um abraço!
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ilmar
Enviado por Ilmar em 14/09/2014
Reeditado em 14/09/2014
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