Esta viagem ao passado se deu, por alguns relances de segundos, diante da experiência do mais valoroso “presente” histórico, vivido por uma professora estadual, em meio ao maior comício já realizado na Capital Gaúcha, no dia vinte e sete de setembro de dois mil e quatorze, no Bairro Rubem Berta, diante do esplendoroso palco do mais genuíno protagonismo gaúcho. Diante do qual, meu coração, impulsionado pelo tremular das bandeiras, pulsando na mesma sintonia com mais de vinte mil corações multicoloridos, vindos de todos os recantos do Rio Grande, prenunciavam a grande vitória, que há de vir acompanhada de dias ainda melhores.
          Hoje, tenho muitas dúvidas sobre uma porção de coisas, por outro lado, tenho bem consolidadas algumas certezas, que minha memória busca, entre os desertos e os oásis de toda a existência humana, que vale a pena, trazer à luz da realidade, vivências para entender como nasce um legítimo estadista, da grandeza de Olívio Dutra.
         Lembro-me como se fosse hoje, do meu pai militar; arenista por imposição, ironizando, ao dizer que o único voto de Olívio Dutra, na urna de sua seção, era o voto de minha mãe. E para completar o deboche, colocou o nome de Olívio em um dos gatos do meu irmão, que por sua vez, afiava as garras de seu bichano preferido, no tronco de uma árvore, ao ponto de deixar ranhuras sulcadas na casca da mesma, por muito tempo, em Carazinho; terra do Brizola, aqui no pé do Brasil.
          Uma pequena estrela ousa atravessar a ARENA dos anos setenta, permeando canhões, adentrando em universos ditatoriais nunca antes cintilados por tão pequerruchas criaturas. Tempos assombrosos, em que meu pai dizia que, em Porto Alegre, quem contrariasse as ordens que vinham de cima, “amanhecia com a cabeça boiando no Guaíba”.
        Adolescer nesse clima de terror fora de casa, foi de morte e aniquilamento sem precedentes, das vozes populares que ousassem “pensar” diferente daquilo que estava muito bem instituído naquele período, no Brasil. Dentro de casa, tínhamos que dançar e chorar conforme a música do militarismo, onde todo e qualquer sentimento não criava raízes e a brutalidade com a família era chocante e nos parecia que existiam leis para todo o mundo, menos para nos libertar daquele horror doméstico.
          Quando Olívio pronuncia “O amor ao nosso Rio GRANDE”, nosso Estado fica maior ainda, porque ressoa da alma de um ser humano em extinção, pela nobreza do seu caráter e pela simplicidade de seus gestos, que falam muito além das palavras, quando ele cumprimenta a cada uma e a cada um, como seres únicos no universo das relações, dando a todos nós o que é nosso; o que nos é de direito... A dignidade e o respeito que toda a criatura merece nesse Planeta azul, verde, amarelo... Vermelho!!!
          Agora, consigo ressignificar muitas situações daqueles tempos bicudos, pois independentemente dos resultados, Olívio Dutra já é vitorioso por sua trajetória impecável como estadista. O “Galo Missioneiro”, há quarenta anos já precisava, não só afiar as garras da democracia, mesmo com um lá que outro voto em cada urna, mas também, precisava afiar o bico, para calar a voz da ditadura militar, através da fundação do Partido dos que Trabalhavam muito e pouco recebiam da vida e que hoje, tão bem nos representa na luta por dias cada vez melhores, através da reeleição de Tarso e com muito orgulho posso fazer ressoar pelas cinco pontas desse País, que minha mãe e todas a mulheres brasileiras estão muito dignamente representadas pela nossa Presidenta Dilma; guerreira que faz o bom combate através da verdadeira democracia.     
             A arrogância e a ironia dos ditadores de outrora, dão lugar ao orgulho de mulheres e homens, que elegerão, através de milhares de votos em cada urna espraiada pelos pampas gaúchos, a nossa estrela maior, nascida e forjada no calor do brasão rio-grandense, que o minuano soprará até Brasília, levando centelhas de esperança ao Senado, através do nosso mais ilustre companheiro; Olívio Dutra, para alívio do Planalto.