Nas minhas idas ao trabalho costumo repetir o horário de saída.
 
Cerca de nove horas meu buzu acelera bem tranquilo, é possível até escolher um lugar.
 
Prefiro o assento individual, pois assim evito os suores dos marmanjos e impossibilito a atitude folgada de alguém.
Logo depois da borboleta, no ladinho esquerdo, encontro meu lugar predileto me aguardando.
Sento, relaxo, olho a paisagem, eu tenho a certeza de que ninguém vai encher o saco.
 
Às vezes, não sei dizer como, o lugar está ocupado.
Percebo que a pessoa não pega sempre esse ônibus.
Sou obrigado a escolher outro assento incorformado.
 
Afinal de contas, utilizando o banco três ou quatro dias, ele passa a sentir o calor do meu corpo, eu começo a entender seu "jeito".
Não é justo outra pessoa estar ali.
 
Faço cara feia, tento afastar o impulso de expulsar o intruso.
 
Não é mais aceitável que meu lugar, o assento solitário, seja ocupado por outro cidadão.
Ele tem a ver comigo, já nos tornamos amigos íntimos.

Uma lei, um acordo civilizado ou uma medida provisória precisa definir o direito que conquistei.
Dá vontade de falar:
_ Você pode devolver meu lugar!
 
Para evitar confusão e talvez novas injustiças, opto por ficar caladinho, quietinho noutro canto.

Mas a revolta incomoda a viagem.
É bastante injusto eu não estar ali!
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 26/11/2015
Reeditado em 26/11/2015
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