Da forma que a vida muda



A última semana depois do batizado do Miguel foi uma verdadeira reviravolta. Cheia de mudanças que nem se eu vivesse mil anos conseguiria imaginar.

Todos os meus pedidos se encaixaram perfeitamente, como se uma força maior enfim estivesse olhando por mim. E eu só tinha a agradecer por tudo isso.

Era uma segunda-feira, em torno das 12h quando Maria Luíza chegou em casa. Ela raramente almoça em casa. Chegou silenciosa e trazendo 2 caixas de papelão pequenas. Deixou tudo na mesa da cozinha e ficou sentada por algum tempo, num completo silêncio. Miguel estava com Samanta e seu hã... “amigo” Luan (Sim, o rapaz da churrascaria. Inclusive bastante claro em seus objetivos).

- Malu?

- Oi.

- O que foi?

- Eu pedi as contas da Babinsky.

Foi a minha vez de entrar num profundo silêncio. Passei a mão pelo rosto, surpreso. Não queria parecer muito feliz, mas ela sabe que eu estou feliz.

- E o Ernest?

- Disse que lamentava muito me perder como funcionária, mas que compreendia a minha escolha.

- Você tem certeza do que fez? – Ela veio até mim e sentou-se em meu colo. Passei a mão por sua cintura.

- A única certeza que eu tenho é que eu quero estar com você para o resto da minha vida. Isso que você me proporciona é o que eu realmente preciso e quero.

Maria Luíza passou a mão pelo meu rosto, aproximou nossos rostos e me beijou carinhosamente.

- Nós vamos ser muito felizes.

- Mais?

- Mais... – Nos levantei, mas não a deixei se afastar. – Temos algumas horinhas até Samanta voltar com o Miguel.

- E o que você sugere?

- Bom... Tem algo lá no quarto que eu quero muito te mostrar.


(...)


- Ah, não seria má ideia vai! Com que eu vou receber e o que você tem da Babinsky seria um puta investimento. – Ela deitou a cabeça em meu peito e puxou o lençol para cima de seu corpo nu.

- Confesso que me agrada mesmo essa ideia.

Maria Luíza me sugeriu que abríssemos uma confeitaria juntos. Seria o talento de Samanta na cozinha com a nossa administração. Eu sempre quis ter o meu próprio negócio e todos esses anos trabalhando na Babinsky me tornaram capaz de chefiar minha própria empresa.

- Lógico que agrada. Tenho até um nome!

- Qual?

- “Alô Doçura – Confeitaria”

Ela deu um sorriso convencida.

- E o local?

- Podemos procurar um local!

- Eu queria no Centro ou então na região da Paulista.

- Gostei... Vamos conversar com a Sam?

- Vamos.


E a conversa com Samanta deu ainda mais ânimo para abrirmos o negócio. O dom dela era natural para fazer doces. Ela só pediu algum tempo para poder se especializar em decoração. Como negócio não se abre de um dia para o outro, nós concordamos. Maria Luíza buscou na internet cursos de como administrar seu próprio negócio e passamos a noite nos dividindo entre cuidar de Miguel e estudar. Já era madrugada quando Maria Luíza, exausta, dormia com Miguel no colo e a mão segurando um livro de administração. Tirei o livro e nossos computadores da cama e depois ajeitei Miguel no centro. De modo que ele ficava preguiçosamente no meio de nós.

Me peguei assistindo a cena, totalmente apaixonado. Miguel estava aninhado com Maria Luíza, que o segurava pelas costas. Diferente das outras vezes em que a sensação boa vinha mas passava, essa demonstrava-se cada vez mais forte em permanecer conosco.

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 23/01/2017
Reeditado em 04/08/2022
Código do texto: T5890822
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