Os pobres e os pequeninos experimentam melhor a Deus – Reflexão para a Mesa da Palavra do 14º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Jesus pôs-se a dizer: 'Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. Mt. 11, 25-30

A garotinha pobre tem como missão os cuidados com o seu seu irmão, poucos anos mais novo e que sofre de paralisia cerebral. Impossibilitado de andar e falando com grande dificuldade, ele necessita ser carregado para lá e para cá por ela. Um dia, na rua, o desconhecido se assusta ao deparar com a cena: uma adolescente franzina a carregar o garoto grande e pesado, todo desengonçado, no colo. Abismado com o que estava presenciando e até sem saber o que dizer, ele lhe pergunta: “Mas ele não pesa muito?” E a mocinha, sorrindo, lhe responde: “Não pesa nada não, moço, é meu irmão”.

No Evangelho deste domingo Jesus quer nos falar dessa realidade bonita e aberta aos irmãos que vivem as pessoas simples. A menina não estava preocupada e até nem mesmo devia saber das suas capacidades de carregar peso. Aquele “fardo”, que para os demais parecia ser tão pesado, não lhe causava sofrimento. Ele lhe era leve e suave eis que, afinal, tratava-se de alguém que ela amava: o seu irmão.

Ao rezar assim, louvando ao Pai por ter dado sabedoria aos mais simples, bem provavelmente Jesus se encontrava cansado pelas discussões havidas com os sábios da época, os rabinos, fariseus, escribas da Lei e outros letrados. Sentia o quanto eles estavam fechados para perceber o Amor. Via-os, com os corações plenamente tomados pelas sabedorias humanas. Cheios assim, eles optaram por fechá-los a qualquer coisa que pudesse lhes vir de Deus.

Aferrados aos seus títulos e posições acadêmicas e religiosas, aquela gente presunçosa se negava a perceber que mais do que ser estudado e dissecado pelas suas ciências, Deus precisa ser experimentado, sentido, saboreado internamente.

No começo dos seus Exercícios Espirituais, numa das Anotações para que se possa bem fazer a caminhada dos Exercícios, Santo Inácio de Loyola, provando ter captado muito bem a profundidade desse trecho do Evangelho, irá nos dizer que “não é o muito saber que satisfaz a alma, mas o sentir e saborear as coisas internamente”.

Para os pobres e quando falamos neles é preciso notar, que também são assim aqueles que possuem o coração empobrecido, aqueles que se fazem abertos para servir, discretamente, aos seus pequenos. Aqueles enfim que mesmo não sendo pobres, carregam no peito um coração de pobre. Jesus, ao final desse seu louvor, irá realizar três convites a todos os pobres de todos os tempos no mundo:

O primeiro apelo chama para que caminhem até Ele todos aqueles que estejam cansados e sobrecarregados. Aqui valerá a pena refletirmos sobre três realidades. O cansaço provocado pela correria em que estamos metidos na dura realidade do mundo. Correndo aflitos de um lado ao outro e chegando ao final da noite percebendo que ainda deixamos tanta coisa por realizar. O cansaço provocado pelo tanto de medos e preocupações a nos preencher a mente. Enfim, o terceiro cansaço diz respeito à violência e descuidado do mundo com as pessoas.

O outro chamado é para que transfiramos para Ele os pesos que estão sobre as nossas costas. Quando postos nos ombros de Jesus, mesmo que seja meu irmão e seja, pelas leis humanas pesado demais, ou mesmo impossível de ser transportado, ele nos parecerá leve, eis que o Senhor o estará carregando para a gente.

O último apelo de Jesus é o chamado para a aprendizagem. Não para nos tornarmos como os entendidos e que não entendem nada do Amor de Deus, mas para que aprendamos com Ele que religião, que família e que Amor não são realidades a serem complicadas mas, ao contrário, necessitam serem simplificadas para melhor serem compreendidas e vivenciadas.

Perguntas para ajudar na reflexão durante a semana:

- O que tem me cansado?

- Em quem tenho me confiado para o descanso?

- Como lido com os pequeninos? Reconheço neles a sabedoria de Deus?


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Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 30/06/2014
Reeditado em 30/06/2014
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