Os versos e a terra

Ao escrever meus primeiros versos no chão de terra,

Senti que poderia ser uma vítima culpada do por vir.

O medo da perda escondeu-os de outros olhos,

Impedindo a sensação de paz por mim sentida.

O medo da perda a privou de outras pegadas,

Impedindo a vida simples de outras vidas.

No silencio da noite, furtei duas vezes,

Uma vítima foi o mundo, a outra minha vida.

Cerquei a terra e escondi meus versos,

Mas ambos eram tão não meus quanto seus.

Se os versos da vida estavam escondidos,

A terra do mundo agora tinha um dono.

Escondidos e cercada…

Os versos foram escondidos de tal forma,

Que nunca mais os encontrei.

Percebi por fim que eles escondiam-se de mim.

Fugiam daquele que os fez, o egoísta criador.

A terra fora liberta pelo tempo e pela força.

As cercas apodreceram e a terra retornaram.

Notei a lógica da existência dos versos e da terra.

Livres e sem dono. Livres, logo, de todos.

PPJ
Enviado por PPJ em 18/10/2017
Código do texto: T6146283
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