Ditado: Sábado de Manhã

O resistor do chuveiro queimou. Nem precisar perguntar: sai para comprar outro. Com isto, caminhei 7km. A pé viu! Durante a viagem, achei uma caixa de livros. Um deles: "O inferno"; de Dan Brown. Deveras, o enredo do livro pode pregar a paz e o amor, mas a Terra é o inferno, o qual o Lúcifer domina sem maiores queixas e desaforos.

Com as vistas fixas no horizonte, tagarelei com o sol. Sensação horrível é queimar a língua e quando passar protetor, já é tarde. Sapecou geral. Também, quem manda falar pelos cotovelos; papos enrolados em novelos. Por que não faço a caminhada à tarde? Porque o resistor (resistor ou resistência) queinou à tarde e quase se alastra pela noite adentro. Se pegasse fogo na fiação, fatalmente ficaria sem meus molambos de bunda; e dormi com ela descoberta é risco de picadura de pernilongo. Aiii... uhhh! Já até senti a dor do amor!

Passando em frente à favela, ouço e vejo um rebuliço. Muvuca é comigo mesmo. Fui conferir de perto. A forro pisadinha dizia: "tome aqui 50 reais". A mocinha lindinha, mas faltando com escrúpulo, descia na boquinha da garrafa. Ah, quê delícia! Respeitosamente, ali, naquele bordel ambulante, se a Terra é o inferno, lá só pode ser o portal. E para quem pensa que o inferno é dominado por um diabo apenas, é porque não conhece uma favela. É um barraco trepado em cima do outro. É lá que os diabos duelam pela demarcação do território. O bicho é feio, não menos as construções lego. Quem será o arquiteto projetista de inferno? Onde fazem o curso de especialização? Tirando a feiura, o resto é uma lindeza. Tudo arborizado. Vi com os esses olhos que Deus me deu, que enquanto a mãe fuma o cachimbo da paz, o filho chora pedindo a teta; e em cima de seu triplex, o Lula pigarreia e respondi "ei, camaradinha de jornada, se você resistir ao Temer, em 2108 eu volto. A mamadeira também. A luta continua companheirinho... - e canta: "uma estrela vai brilhar em seu caminho..."

Segui caminhando. Expulsei os ratos do esgoto. Metamorfoseei de lagarta; uma lagarta feia e peluda devoradora de folhas verdes. Comi pastel na feira e dei um pedaço para o santo. Enquanto tomava um caldo de cana, ele pediu cachaça como acompanhamento. Disse que levava depois. Comprei um quilo de mandioca por 50 reais novos e ganhei de presente uma panela de pressão, mais um botijão de gás. Está no fogo, daqui a pouco digo o que aconteceu.

Tenho muito a escrever, mas paro por aqui: tenho que pagar minha dívida com o santo. Amém nós todos, é o que espero que o leitor diga. Se assim fizer, agradeço imensamente, se não, vai tomando nota do lido, pois servirá como aprendizado. Boa sorte e se quiser ler coisa melhor, por favor, vá na página de outro. Hasta la vista lector!

Meus relógios endoideceram de tanto tic-tac; tic-tac; tic-tac. Um na parede da sala. Outro na parede da cozinha. Um em cada parede dos quatro quartos. Mais dois nas paredes do corredor. Um em casa pulso dos juízes de futebol. Um No pulso de minha mulher. Um debaixo de cada cama dos quartos. Um dentro de cada sapato na sapateira de minha casa.

Dois em cada vestiário dos estádios de futebol. Dois na despensa de minha casa. Em todos os semáforos: tic-tac; tic-tac; tic-tac. Um em casa borracharia. Um monte nos supermercados. Outro na lavanderia. Mais um em cada pulso de meus 15 filhos. Um pendurado em cada árvore do pomar do quintal de minha casa. Dois na casa de minha namorada-amante. Um pendurado em cada orelha dos animais domésticos de minha casa.

Dois em cada lavanderia. Um no consultório de meu dentista e outro no do meu médico cardiologista. Tic-tac; tic-tac; tic-tac. Cinco no consultório de meu psiquiatra. Dois na sala de cirurgia. Um cuco antigo na garagem. Um no painel de cada carro. Um no pulso do meu braço direito. Um no meu coração. Em casa, em minha família, no trabalho, nos corações, tudo pulsa tic-tac.

Desde o instante que acordam: tic-tac; tic-tac; tic-tac até o momento que dormem. Dormindo, sonham falando: tic-tac; tic-tac; tic-tac. Entra ano e sai ano, ficam horas e horas nesse trabalho repetitivo chato de tic-tac; tic-tac; tic-tac. Sem pensar; sem refletir, sem preguiça, sem tecnologia, insones: infindos tic-tacs indomáveis e desrespeitosos com o silêncio noturno.

O que é mais correto fazer: encaminhá-los ao psicólogo, psicanalista ou mandá-los direto para o manicômio? Que profissional entende de insanidades onomatopaicas? Em nome da saúde deles, please help me!

Meus relógios endoideceram de tanto tic-tac; tic-tac; tic-tac. Um na parede da sala. Outro na parede da cozinha. Um em cada parede dos quatro quartos. Mais dois nas paredes do corredor. Um em casa pulso dos juízes de futebol. Um No pulso de minha mulher. Um debaixo de cada cama dos quartos. Um dentro de cada sapato na sapateira de minha casa.

Dois em cada vestiário dos estádios de futebol. Dois na despensa de minha casa. Em todos os semáforos: tic-tac; tic-tac; tic-tac. Um em casa borracharia. Um monte nos supermercados. Outro na lavanderia. Mais um em cada pulso de meus 15 filhos. Um pendurado em cada árvore do pomar do quintal de minha casa. Dois na casa de minha namorada-amante. Um pendurado em cada orelha dos animais domésticos de minha casa.

Dois em cada lavanderia. Um no consultório de meu dentista e outro no do meu médico cardiologista. Tic-tac; tic-tac; tic-tac. Cinco no consultório de meu psiquiatra. Dois na sala de cirurgia. Um cuco antigo na garagem. Um no painel de cada carro. Um no pulso do meu braço direito. Um no meu coração. Em casa, em minha família, no trabalho, nos corações, tudo pulsa tic-tac.

Desde o instante que acordam: tic-tac; tic-tac; tic-tac até o momento que dormem. Dormindo, sonham falando: tic-tac; tic-tac; tic-tac. Entra ano e sai ano, ficam horas e horas nesse trabalho repetitivo chato de tic-tac; tic-tac; tic-tac. Sem pensar; sem refletir, sem preguiça, sem tecnologia, insones: infindos tic-tacs indomáveis e desrespeitosos com o silêncio noturno.

O que é mais correto fazer: encaminhá-los ao psicólogo, psicanalista ou mandá-los direto para o manicômio? Que profissional entende de insanidades onomatopaicas? Em nome da saúde deles, please help me!

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 14/10/2017
Reeditado em 29/10/2017
Código do texto: T6142143
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