um-desenho-feio.png

O maluco de Quixepó

Os mais antigos diziam que na Vila de Quixepó predominavam dois grupos: um de gente que tinha juízo; o outro de gente que iria perdê-lo. Lá, quem não pescava no rio pra matar a fome, trabalhava na única granja da região. E foi assim que um dia um de seus moradores, conhecido por Zé Grude, deixou de ser pescador para virar zelador da granja.
Zé Grude, em apenas quinze dias de serviço, se mostrou um funcionário atento e muito determinado. Dizia para seus colegas que no futuro seria um grande empreendedor. Ao saber, o seu patrão achou aquilo interessante e o incentivava. Só que depois de seis meses, a população galinácea se apresentava estranha: boa parte dela estava com poucas penas. E o patrão de Zé Grude ficou de olho nele.
Num final de semana, durante a folga de Zé Grude, o seu patrão o convidou para pescar, e ele aceitou com muita alegria. Os dois saíram margeando o rio.  Após andarem quase um quilômetro, o patrão avista uma área toda branca como neve e pergunta para o empregado:
– Zé Grude, tem alguém plantando algodão por aqui?
– Não sinhô. – Respondeu ele com muita segurança.
– E o que é que tem naquela área toda branquinha, lá na frente?
– Ah, meu patrão, eu já ia lhe mostrar. Ali é a minha plantação. Como o sinhô sabe, eu sempre quis ser um impreendedô. Então, plantei duas mil penas. Vão me dar quatro mil pés de galinha. E, caso as suas galinhas morram um dia, o sinhô pode contar com as minhas, tá certo? Elas vão nascer logo, logo. Acho que na próxima virada de lua.

O patrão de Zé Grude desmaiou.



Imagem: Internet