UTOPIA

Desprovido de víveres, Ankur acordou no meio do deserto. Sem recursos para sobreviver, apelou às proteções abstratas, invocou a intervenção dos céus. Todavia, a fé não trouxe chuva e nem algum maná. O frio intenso da noite sucedia o sol abrasador em uma dinâmica impiedosa. Mesmo assim, até a mais débil consciência, Ankur foi agitado pelo desespero, por imagens, pensamentos, fantasias e esperanças que urdiram a transição. Nas cercanias, ratos, víboras, escorpiões e lagartos, apenas representavam a importância da vida e da morte na teia alimentar da natureza.