Origem do Natal e do Papai Noel

Tradicionalmente o nascimento de Jesus é comemorado em 25 de dezembro. O Evangelho de Mateus narra a viagem de Maria e José até Belém, ocasião em que o imperador César Augusto instituiu o recenseamento que deveria ser feito na cidade de nascimento. Assim, José, nascido em Belém, para lá se desloca com sua esposa grávida. Sem encontrar lugar nas hospedarias, Maria e José abrigaram-se em uma estrebaria onde ela deu a luz ao menino.

Convencionou-se então que o dia em que se dera o nascimento foi o 25 de dezembro. Porém, não se sabe ao certo se seria mesmo este o dia.

O inverno no hemisfério norte tem início em 21 de dezembro e com temperaturas abaixo de zero. Logo, a história vem mostrar que 25 de dezembro era o dia em que em alguns países da Europa fazia-se uma festa para pedir que o Sol voltasse para aquecer. Outros contam que, havia sim uma celebração neste dia, mas para festejar o solstício de inverno, pois neste dia o sol alcançava o seu ponto mais baixo, ao meio dia, deixando a noite mais longa.

Essa adoração ao sol tinha características pagãs e já acontecia desde a antiguidade. Porém, com a Igreja Católica já formada, muitos de seus seguidores participavam dessas celebrações pagãs, o que não deixava o clero muito satisfeito e por isso procuraram fazer com que os fiéis deixassem as práticas. Assim, entre os séculos IV e V (depois de Cristo), a igreja procurou associar o sol à imagem de Jesus, a quem passaram chamar de “Sol da Justiça”. Com esta solução um culto pagão foi associado à imagem de Jesus que passou a ser visto como luz da verdade.

Este período é marcante para a história da igreja pois é nele que a instituição vai se efetivar como proprietária e passa a intervir na vida econômica e social, também por esta época, surgem grande parte dos dogmas, um deles, o da Santíssima Trindade.

O primeiro festejo de Natal de que se tem notícia ocorreu no século XVI.

Quanto ao Papai Noel, sua origem também é bem conhecida. Ele é São Nicolau, que foi bispo da Igreja católica na cidade de Mira, província da Lícia, atual Turquia. O ano de seu nascimento e morte não são bem conhecidos, porém atribui-se que nasceu na Ásia Menor no ano 271. Conta-se que tinha um grande apreço e cuidado com as pessoas de poucas posses e os ajudava sempre de forma discreta pois não queria aparecer. A ele são imputados milagres e também os presentes que eram jogados nas casas na calada da noite.

O Papai Noel moderno, baseado em São Nicolau, surgiu no século XIX. Suas roupas eram de inverno, nas cores verde ou marrom. Em 1863, Thomas Nast, cartunista alemão, criou para uma revista a imagem do velhinho de barbas brancas vestindo uma roupa de inverno nas cores vermelha e branca.

Em 1930, a Coca-Cola utiliza essa imagem em uma campanha publicitária, visto que as cores coincidem com a de seu produto. Assim, a imagem do bom velhinho que enchia as meias das crianças de brinquedo passou a ser figura importante no Natal norte-americano.

Por tradição, a festa de São Nicolau acontecia em 6 de dezembro, que passou à história por sua bondade com o hábito de entregar presentes a adultos e crianças sem se deixar ser visto. Essa prática chegou à América através de imigrantes holandeses já com influências do protestantismo e envolta em lendas: que o bom velhinho morava no Pólo Norte, voava em um trenó e descia pelas chaminés das casas para deixar os presentes dentro das meias que as crianças deixavam penduradas nas lareiras no dia 24 de dezembro.

A figura do Papai Noel não é muito antiga no Brasil e aqui, assim como nos EUA, foi explorada pelo comércio e desvirtuada do contexto religioso.

Ano a ano, a imagem de um velhinho de barba e cabelos brancos, com olhar bondoso, vestindo uma roupa de inverno à moda da Europa e Estados Unidos, cercado de neve e animais que não fazem parte da fauna brasileira, é cultuada e amplamente comercializada.

Não esqueçamos da famosa Árvore de Natal, que na realidade é um Pinheiro, árvore típica do hemisfério Norte que não perde o seu viço com as baixas temperaturas do inverno. Seria mais autêntico se a nossa árvore de Natal fosse o Pau-Brasil e o Papai Noel o Saci-Pererê.

Assim, o Natal tem suas origens ligadas ao processo de religiosidade, bem como a imagem do Papai Noel e demais símbolos amplamente comercializados. Em seu contexto moderno encontra-se literalmente ligado ao capitalismo e consequentemente ao consumismo.

Portanto, Natal e Papai Noel nos dias de hoje tem uma forte representação do imperialismo europeu e americano, o que torna um pouco incompreensível o culto ou mesmo festejo pelos que se dizem ateus e contrários ao domínio industrial dos países mais desenvolvidos economicamente.