LEO II - TEATRO MUNICIPAL - CAPÍTULO 9

CAPÍTULO 9 – TEATRO MUNICIPAL

Na segunda-feira, Gilda pediu licença à professora,

para sair mais cedo por estar com dor de cabeça. Quando saiu no portão da escola e não viu o carro de Leo, seus olhos se encheram de água e ela foi chorando a caminho de casa.

De repente, ouviu uma buzina e o barulho do motor de um carro que se aproximava por trás dela. Parou e voltou-se. Era Leo. O carro parou e ele desceu, indo até ela, preocupado.

- O que foi que houve?

Ao ver os olhos vermelhos da moça, ele a abraçou.

- O que foi que fizeram com você? Foi seu pai?

- Não, ninguém me fez nada, ela respondeu, aninhando-se nos braços dele. – Só senti falta de você. Nunca me senti assim antes...

- Eu já e sei como dói. Mas eu estou aqui, não chora mais. Também senti sua falta. Por que você saiu mais cedo?

- Estou com dor de cabeça...

Leo segurou seu rosto entre as mãos e a beijou.

- Entra no carro. Eu te levo a uma farmácia. Vem.

Gilda tomou um comprimido numa farmácia longe dali e eles foram novamente para o lago. Leo sentou-se encostado numa árvore e Gilda deitou a cabeça em seu peito. Ficaram em silêncio por algum tempo e talvez por causa do efeito do remédio que ela tinha tomado, ela adormeceu. Quando acordou, a primeira coisa que viu foi o sorriso dele. Sorriu também.

- Quanto tempo eu dormi?

- Uns... quarenta e cinco minutos, disse ele consultando o relógio. – Está melhor?

- Acho que sim, ela disse, levantando-se e ajeitando os cabelos. – Obrigada.

- Foi um prazer.

- Por que você não mostra ao seu pai o rapaz bom que você é, Leo?

- Porque eu não sou um rapaz bom, ele respondeu, rindo. – Você é que é um anjo e exorciza o demônio que existe em mim.

Ela acariciou seu rosto.

- A gente vai sofrer tanto se continuar assim...

- Eu vou sofrer mais, se não continuar. Você equilibra minha vida, Gilda.

- E você equilibra a minha! - ela disse sorrindo.

Leo riu.

- O casal perfeito! – ele falou, puxando-a para si e apertando-a nos braços, feito uma criança. – Se eu soubesse que isso ia acontecer, não teria feito tanta bobagem na minha vida... Mas é que, depois que a Cristina morreu, eu não queria mesmo me apaixonar por ninguém mais. Ela era a única. Queria que o mundo se danasse... e meu pai com ele.

- Não fale assim...

- Acho que não quero mais, disse ele, beijando sua testa. – Eu quero você. Tentei falar com ele hoje cedo, mas não adiantou. Nada vai adiantar...

- E se eu falar?

- Não, não quero que você peça nada a ele por mim.

- Seria por mim, Leo.

- Seu problema é com seu pai.

- Então, vamos falar com ele.

Leo hesitou.

- Falar o quê? Na verdade, eu não tenho nada pra oferecer a você mesmo. Nem dinheiro, nem segurança, nem moral... nem estabilidade... Nada que você tenha agora. Eu só te amo.

- Isso é o bastante pra modificar qualquer ser humano. Meu pai falou que você um dia foi convidado para fazer parte da Sinfônica da cidade e que ia ganhar bem, só pelo fato de ser filho de Melinda Torres, é verdade?

- É. Minha mãe era amiga do antigo maestro. Isso foi a dois anos. Iam pagar um salário até que razoável...

- Desistiram?

- Não sei... Tem um outro cara tocando lá. Não tenho certeza, mas acho que meu pai deve ter contado alguma estorinha a meu respeito pra eles e desistiram. Mas o filho do maestro estudou música comigo e conhece a estória da Cristina. Não é um grande amigo, mas me conhece melhor do que meu pai. Ele é diretor da Sinfônica agora.

- Então! Você pode ter uma chance lá ainda. Uma chance de mostrar sua música pras pessoas. Queria tanto te ouvir tocar mais...

Leo pensou por um momento e teve uma ideia.

- Você tem hora pra chegar em casa, não tem?

- Não necessariamente. Meu pai não é tão radical assim, desde que eu conte onde estive.

- E se eu te levasse ao Teatro Municipal e a gente chegasse um pouco mais tarde do que de costume, o que você diria a ele?

Gilda pensou e respondeu:

- Que eu estive no Teatro Municipal com Leo Torres!

Ele riu.

- Mesmo?

- Por que mentir?

- E eu que pensei que fosse o último ser humano corajoso dessa cidade... Quer ir?

- Quero.

- Mesmo que isso te cause problemas?

- Prefiro morrer com eles, depois de ter sido mais feliz do que antes.

- Maravilhosa filosofia! – disse ele, beijando-a em seguida. – Eu te amo!

LEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEO

TEATRO MUNICIPAL - CAPÍTULO 9

Velucy
Enviado por Velucy em 08/10/2017
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