LEO IV - VANDALISMO - CAP. 5

CAPÍTULO 5 – VANDALISMO

Quando chegou em casa, Leo estava transtornado.

Fechou a porta com violência e encostou-se nela, chorando. Olhou em volta e a vontade que teve foi de quebrar tudo que via à sua frente e não demorou a começar a fazer isso.

Quebrou vasos, quadros, atirou cadeiras nas janelas e virou tudo que pôde.

Só parou porque Samuel chegou e, ao vê-lo enlouquecido, agarrou o filho pelos braços com energia.

- Pare com isso! Você ficou louco, Leo?

O rapaz o empurrou com força.

- Me solta, velho nojento! – gritou. – A culpa toda é sua! Seu... ditador sujo! Maldito!

- Ora, cale essa boca, seu moleque! Quem que você pensa que é pra falar comigo desse jeito? Se você não fosse tão irresponsável, teria conseguido conquistar o respeito do Alcântara. O que você queria? Que ele te entregasse a filha de bandeja com o passado que você tem?

Leo encostou-se numa parede e escorregou por ela, até sentar no chão e esconder o rosto nas mãos, chorando muito.

- Meu filho... Não podem tirar meu filho de mim...

Samuel apanhou o telefone e ligou para a polícia. Quando o ouviu fazer a denúncia de vandalismo em sua casa, Leo levantou-se e saiu correndo dali.

Sumiu da cidade por quase dois meses.

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Certa tarde, Gilda cochilava em sua casa, com o bebê Bruno deitado a seu lado na cama, quando sentiu um beijo quente em sua testa, o que a fez despertar. Era Leo. Ela ia gritar, mas ele colocou a mão sobre sua boca e pediu silêncio.

- Não grita, não, falou baixinho. – Sou eu...

Gilda ficou olhando para ele, sem saber o que fazer. Leo beijou-a várias vezes no rosto, bem devagar e ergueu-a nos braços. Depois beijou sua boca e só então Gilda acordou do que estava fazendo. Com algum custo, conseguiu soltar-se dos braços dele e o afastou assustada.

- Chega, Leo!

Gilda notou que ele estava diferente. Seu rosto estava muito quente, ele estava mais magro, abatido, a barba crescida e seu hálito recendia a álcool. Ficou penalizada. Sentou-se na cama e perguntou:

- Onde você esteve? Ninguém sabe de você há mais de dois meses. Ficamos tão preocupados...

- A polícia está atrás de mim, ele respondeu, tossindo em seguida.

- O que você tem? Está doente?

- Não tenho nada.

Ele olhou para o bebê e tocou a ponta do cobertor.

- Senti tanta falta dele...

- Você precisa ir embora, Leo. O Haroldo vai chegar logo e eu não quero magoá-lo, nem quero ver vocês dois brigando de novo, ainda mais aqui, perto do bebê.

- Você assumiu mesmo o papel de senhora Marques, não é? Meu filho também é um... quando devia ser um Torres, Bruno Torres.

Ele estava tão triste que Gilda sentiu o coração partir-se em dois. Leo levantou-se e foi para a porta, mas antes voltou-se, dizendo:

- Eu ainda estou vivo... Vim só pra dizer isso... Tchau, meu amor.

Gilda abraçou-se ao travesseiro e começou a chorar. Haroldo chegou em casa pouco depois e a encontrou no mesmo lugar. Beijou-a na testa e, ao notá-la distante, quis saber:

- O que você tem?

- O Leo esteve aqui...

- Aqui?

- É. Ele parecia muito doente, magro, sujo... Nunca me senti tão culpada por tudo que está acontecendo com ele, Haroldo.

Ela recomeçou a chorar e se abraçou ao marido que compartilhava com sua dor.

- O que você quer fazer, Gilda? Quer anular esse casamento de mentira?

- Não! Não seria justo com você. O erro foi meu. Eu vou ter que arcar com ele até o fim. Meu filho precisa de um pai e não pode ser o Leo, não agora... É muito tarde.

- Você ainda o ama, não é?

Gilda afastou-se dele e olhou-o nos olhos.

- Eu nunca menti pra você, Haroldo. Nunca te enganei.

- Desculpe. É que eu, às vezes, me sinto um intruso. A sombra do Leo vai estar sempre entre nós, como ele mesmo disse. Vamos sair dessa cidade, Gilda.

- Como? Você tem seu emprego aqui, sua casa...

- Nossa casa. Pra valer ou não, eu ainda sou seu marido e essa casa é sua.

- Mais um motivo pra não sairmos daqui fugidos.

- Não sei por que, mas... tenho a impressão que um dia o Leo vai aparecer na minha frente e acabar comigo.

- Você tem medo?

- Tenho medo por você, pelo Bruno. Não quero te ver sofrer mais.

Gilda sorriu e o beijou na boca com carinho.

- É a primeira vez que você toma a iniciativa de me beijar, ele disse.

Ela corou levemente e repetiu o beijo. Haroldo a abraçou forte.

- Nós ainda vamos ser muito felizes aqui, Gilda. Nós três.

LEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEO IV

VANDALISMO - CAPÍTULO 5

Velucy
Enviado por Velucy em 16/10/2017
Reeditado em 18/10/2017
Código do texto: T6144367
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