Capítulo VI - – De um lado há música clássica, do outro pancadaria disfarçada de democracia;

Novela – O PIANISTA

Capítulo VI – De um lado há música clássica, do outro pancadaria disfarçada de democracia;

Inicio este sexto capítulo contando-lhes uma curiosidade um tanto de se esperar: a primeira palavra que Alfred pronunciou corretamente foi “piano”, e não “mama”, “papa”; futuramente ambas viriam.

Leocádia e Armênio não se importavam com isso, principalmente Armênio, que se responsabilizava por cuidar do futuro musical do pequeno Alfred, que começava a demonstrar interesse pelo piano.

Se pensarmos bem nas funções, a jovem Leocádia ficava na parte escolar do filho. Ela deseja que os preceitos de uma boa educação, tanto escolar e familiar, viessem aliados aos ensinamentos musicais. Certo dia Leocádia disse para Armênio:

- Qual sua opinião em contratarmos uma babá? Para que ela possa cuidar de Alfred nas minhas ausências enquanto estou lecionando pela manhã?

- Leocádia...

- Sim, eu sei Armênio! As creches, o contato com outras crianças, mas você sabe muito bem o que está acontecendo lá fora! Quero poupar o nosso filho das atrocidades que acontecem. Penso que os militares ficarão muito tempo no poder, pois não faz tanto tempo a aprovação do ato institucional.

- Não podemos deixar que as nossas preocupações, privem o lado social do nosso filho! Mas tudo bem! E quem será a babá?

- A minha sobrinha Cyndi!

- Ah! Giuseppe.

- Sim! E será bom pra ela também! Faz tanto tempo que não a vejo; como deve ter crescido!

E, foi assim, que o pequeno Alfred crescia nos cuidados pela manhã de Cyndi. Já era 1970, e a pancadaria rolava à solta nos camburões; nas praças mineiras e todo país. Sendo centralizadas todas as urgências pelo “DOI-CODI”. Nessa época, Alfred já tinha seus cinco aninhos.

(Carlos André)