TEACHER IV - VÉSPERA DE NATAL - CAP. 9

VÉSPERA DE NATAL – Capítulo 9

No dia vinte e quatro de dezembro, véspera de Natal, Rupert colocou o bolo sobre a mesa e acendeu a vela. Era aniversário de seu pai.

- Pai! – chamou.

O velho estava no quintal, conversando com o vizinho, não ouviu. Ele foi até a porta e chamou novamente:

- Pai, dá pra dar um pulinho aqui? Dá licença, seo Artur?

- Claro, falou o velho, do outro lado do muro. – Boa noite aos dois e Feliz Natal!

- Pro senhor também!

O velhinho se foi e pai e filho entraram em casa.

- O que foi, menino? O que é tão urgente?

- Venha cá e veja, oras!

Régis entrou na cozinha e, ao ver o bolo, seus olhos se encheram de água. Aproximou-se da mesa e olhou para o filho.

- Sabe quanto tempo não vejo bolo de aniversário?

- Feliz aniversário, pai. Duas vezes. Faz um mês que você não bebe nada.

Chorando, Régis abraçou o filho com força.

- Apaga a velinha, mas faz o desejo antes, tá?

Régis pensou, olhando para o bolo e disse:

- Queria que Laura estivesse aqui agora... Falta ela aqui...

Emocionado, Rupert disse:

- O desejo é pra você, pai.

- É pra mim. Ela lembra sua mãe.

Rupert sentou-se numa cadeira e passou as mãos no rosto para espantar a emoção.

- Pede alguma coisa pra você, sem dizer em voz alta, e apaga logo essa vela.

Régis olhou para ele, fechou os olhos e soprou a velinha que ainda reacendeu quatro vezes. Depois eles cortaram o bolo e, enquanto comiam, ouvindo os fogos na rua, ouviram bater na porta. Rupert olhou para o pai e disse:

- Deve ser a Tereza. Vou ver.

Ela abriu a porta e era realmente Tereza com Décio, Luíza e o bebê Bob. A casa ficou um pouco mais animada.

Décio foi embora com a família pouco depois da uma da manhã, mas Tereza ficou mais um pouco, sentada com Rupert na varanda, enquanto seo Régis cochilava ou mesmo dormia diante da televisão ligada no sofá da sala.

- Ela não veio nem hoje... Tereza falou.

Ele não falou nada. Continuo olhando para a rua. Ainda cheia de gente.

- Vai ver aconteceu de fazerem uma festinha em família lá também e ela não pode se livrar do Matheus...

- Ela avisou que ia ficar um mês lá. Não tenho o direito nem de ficar decepcionado com esses... detalhes, Tereza. Ela me avisou...

- Mas você esperava, não esperava?

Ele sorriu triste e confirmou, meneando quase que imperceptivelmente a cabeça. Tereza viu que, já que não podia ajudá-lo naquele momento, era melhor ir embora.

- Preciso ir...

- Vou te levar em casa.

- Não precisa. Tão pertinho e a rua está cheia de gente ainda.

- Mas é perigoso. Está cheio de nóia de cara cheia na rua. Vamos?

Ele a levou até sua casa. Voltou, colocou o pai na cama, deitou-se no sofá no lugar dele e adormeceu, pensando em Laura.

No dia seguinte, foi até o apartamento dela, entrou e ficou lá, sozinho. Era sexta-feira de Natal e ele passou todo o final de semana no apartamento, deitado na cama. Só se levantava no máximo para ir ao banheiro ou beber água, no primeiro dia, depois...

No domingo à tarde, Laura voltou de Minas e ao entrar no apartamento, colocou as malas no chão da sala, louca para tomar um banho e ir ver Rupert. Mas, ao entrar no quarto, assustou-se ao vê-lo deitado em sua cama no quarto às escuras.

Sorriu e sentiu vontade de chorar ao mesmo tempo, mas conteve-se. Aproximou-se dele e passou a mão por seus cabelos. Ele tinha a barba crescida e estava muito pálido.

- Rupert! – ela chamou.

Ele abriu os olhos e ao vê-la sorriu.

- Oi, ele disse. – Tentou erguer a cabeça para beijá-la, mas não conseguiu.

Laura ficou assustada.

- O que foi que aconteceu, meu Deus? O que foi que você fez, meu amor?

- Greve de fome... ele disse, rindo e mal conseguindo abrir os olhos.

Ela deitou a cabeça dele em seu colo e beijou sua testa.

- Há quanto tempo você está aqui?

- Que dia é hoje?

- Domingo.

- Dois dias... e um pouquinho.

- Sem comer?

- Não tinha nada na geladeira...

- Meu Deus, eu vou ligar pro médico!

- Não! – ele falou, segurando sua mão. – Eu estou bem. Comi muito no Natal. Estava só... fazendo um tratamento de choque. Não tenho nada. Nada que um sanduíche de presunto e queijo não possa resolver.

- Não é tão fácil assim, Rupert. Seu estômago deve estar vazio e pequenininho. Você é louco, sabia? – ela disse rindo, mas nervosa e preocupada.

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Welcome to my dreams...

CAPÍTULO 9

Velucy
Enviado por Velucy em 07/11/2017
Código do texto: T6165263
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