TEACHER V - AFINIDADE - CAP. 9

AFINIDADE – Capítulo 9

Não se sabe se por receio ou qual motivo, Matheus continuou de boca fechada sobre o caso Laura/Rupert.

Ela parou de dar aulas e Rupert continuou no curso e no jornal, trabalhando ao lado dos amigos e de Sara que não se cansava de cantar o rapaz, diária e abertamente. Ele aceitava a cantada tão naturalmente que Sara não conseguia saber se ele estava ou não a fim dela.

O envolvimento de Rupert com todos os colegas era sempre tão amigável que ela não distinguia amizade e amor no jeito que ele a tratava.

- Posso te fazer uma pergunta, Rupert? – ela arriscou, num momento em que estava a sós com ele na redação, preparando o texto para o convite do baile de pro-formatura.

- Pode, ele disse, batendo à máquina, distraído.

- O que você sente por mim?

Ele parou de datilografar, olhou para ela e sorriu.

- Como?

- Todo mundo na sala diz e espalha que a gente está namorando. Você me trata bem, me trata com carinho, aceita meu beijo quando eu beijo você, mas eu não tenho certeza do que é isso. Você me ama, Rupert?

Ele olhou para ela, hesitante e disse:

- Acho estranho você perguntar isso agora, Sara.

- Por quê?

- Você tomou todas as decisões desde que a gente se conheceu, praticamente tomou posse de mim sem... perguntar se era isso que eu queria ou não... Pra mim não dói se o pessoal espalha que a gente está namorando. Você é linda, inteligente, versátil, falante... Um amor de garota. Deve ser realmente o orgulho do seu pai. E pareceu pra mim que era livre dessas coisas de... amor exclusivista. Sempre foi tão liberal, suas ideias pelo menos são muito liberais e eu gosto disso. Gosto e respeito. Pensei que não tivesse que dizer nada...

- É... e não tinha… no início, ela disse ajeitando os cabelos no alto da cabeça. – Acho que você tem razão, mas acho que... caí na bobeira de... me amarrar em você.

Ele não disse nada.

- Quando a gente se amarra, a gente... começa a exigir respostas , o troco... entende?

- Entendo.

- E você não pode me dar o troco, não é? Não estamos namorando...

Ele passou as mãos pelos cabelos que já tinha crescido de novo e colocou-os para trás.

- Não...

Sara pareceu ter murchado e seus ombros caíram pelo desalento. Rupert sentiu sua decepção.

- A única coisa que eu posso te dar de coração e pra sempre, Sara... é minha amizade... minha admiração... meu carinho. Eu te acho o máximo, garota. Você é tão importante pra mim quanto... a Tereza, o Décio e o Nelson, apesar daquela cabeça oca que ele tem. Mas ele tem humor e eu preciso disso pra não deixar nosso jornal tão... quadrado e sério, como todo mundo diz que eu sou. Eles três e você são pessoas que me dão apoio, força, alegria. Mas amor... acho que eu tenho muita coisa pra fazer antes de pensar em algo tão sério. Não posso namorar com ninguém a sério ainda...

- Você já amou alguma vez?

- Já, ele respondeu, sem pensar.

- A Laura?

Ele gelou.

- Por que você está me perguntando isso?

- Ah, eu... ouvi um boato, no início do ano passado que você deixou de assistir as aulas dela porque estava apaixonado. O boato parou porque ninguém nunca conseguiu provar, mas todo mundo falava. Uns malucos diziam até que era correspondido.

Ele apoiou os braços sobre a máquina de escrever, mas continuou em silêncio.

- Eu achei que, se fosse verdade, pelo menos eu ia achar alguém que passou pelo mesmo que eu. Foi verdade isso? Você realmente se apaixonou pela professora Laura?

Rupert pigarreou e respondeu:

- Isso é uma coisa... tão antiga, Sara. Nem lembrava mais.

- Mas gostou dela? Fala pra mim. Não vou dizer pra ninguém. Juro! Se é coisa antiga...

- Gostei...

- Amou… de verdade?

- Amei… de verdade, ele disse, olhando para ela nos olhos.

- É uma barra, não é? – ela disse, colocando a mão no ombro dele.

- É…

Sara tocou a mão dele e sorriu.

- Pelo menos a gente tem alguma coisa em comum... que não é o cigarro!

Ele riu e aproximou o rosto do dela, beijando-a.

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Welcome to my dreams...

CAPÍTULO 9

Velucy
Enviado por Velucy em 12/11/2017
Código do texto: T6169420
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