TEACHER VII - PERDÃO DIFÍCIL - CAPÍTULO 8

PERDÃO DIFÍCIL – Capítulo 8

Quando Laura entrou novamente em casa, Tereza estava esperando por ela.

- O que o professor Matheus veio fazer aqui?

- Você o viu, é? – Laura perguntou, ainda impressionada pela visita do colega.

- Vi, pela janela do quarto. Não quis bisbilhotar. Só quis...

- Tudo bem, Tereza, eu também fiquei preocupada e curiosa. Muito pouca gente na faculdade sabe que eu estou morando aqui. Ele veio me pedir desculpas.

- Pelo espetáculo que ele deu no baile?

- É...

- E você desculpou? Desculpa eu me meter, mas é que eu achei aquilo o fim da picada, já que você quase morreu... Ele não pensou em você um segundo.

- Estava bêbado e... muito magoado, Tereza...

- Não importa. Como professor, ele devia ter se dado o respeito. Fazer um vexame daquele na frente dos próprios alunos... Não sei nem como ele consegue continuar dando aula.

Laura sentou-se no sofá e apoiou o rosto nas mãos

- Acho que ele está muito envergonhado pelo que fez, Tereza. Isso já é um castigo.

- Mas você perdoou ele?

- Eu estou viva. Meu filho está bem. Nem penso mais nisso.

- Vai contar pro Rupert que ele esteve aqui? Ele com certeza não vai gostar disso.

- Você contaria? Conhecendo o Rupert como conhece?

Tereza pensou por um momento e respondeu:

- Pensando bem... acho que não. Hoje não. Mais por ele do que pelo professor Matheus. O coitado já estava bem cansado hoje cedo na aula. As aulas acabam em uma semana na faculdade, mas essa maratona de trabalhar, estudar na zona sul e morar na zona norte baqueia qualquer um.

- Ele reclama com você?

- Não, mas eu percebo no rosto dele. O Rupert anda muito calado e essa é a forma que ele demonstra que está cansado, mas ele nunca reclamaria. Ele está feliz, apesar de tudo.

- Você está dizendo isso pra me deixar tranquila?

- Não. Eu sei que você sabe disso. Não estou tentando ensinar o padre nosso ao vigário. Se você quiser contar pra ele sobre a vinda do Matheus até aqui, diz, mas não quando ele chegar de noite do trabalho, cansado. Fala num momento em que ele estiver brincando com o Leo, vai estressar menos.

Laura sorriu.

- Obrigada pela dica. Você tem demonstrado que é realmente amiga... dele e minha.

- Acho que já vou indo. Ainda precisa de ajuda?

- Não pode ir. Obrigada.

Tereza e Laura trocaram um beijo e a moça foi embora.

Quando Rupert chegou à noite, foi até o quarto falar com Laura e a encontrou diante do cavalete, pintando mais um quadro. Leonardo dormia no berço.

Ela sorriu quando ele entrou no quarto e ele se aproximou, beijando-a na testa.

- Oi…

- Oi, amor… Cansado?

- Um pouquinho...

Ele se aproximou do berço do filho, abrindo a camisa, e apenas tocou seu rosto. Rupert não beijava o filho quando chegava da rua, antes de lavar o rosto.

- Está tudo bem aqui?

- Está… Vai tomar seu banho. Vou esquentar seu prato. Está com fome?

- Muita! Eu venho já.

Ele fez o ritual de toda a noite, tomou seu banho, jantou, conversando sobre as novidades do dia com Laura, ajudou-a a arrumar tudo na cozinha e foram para a cama.

Nesse ínterim, Leonardo acordou para mamar de novo e depois de alimentado, Laura o colocou na cama no meio dos dois.

- Quando as aulas terminam? – Laura perguntou.

- Na primeira semana de dezembro. Não vejo a hora, ele disse, segurando a mãozinha do filho.

- Rupert... você tem visto o Matheus na faculdade?

Ele balançou a cabeça negando.

- Ele não tem coragem de aparecer na minha frente. E nem tem motivo. Ele só ia pro campus de Humanas por sua causa. E graças a Deus, ele desencanou de você, não sei se por você não estar indo mais à faculdade, ou por ter caído a ficha dele de que você é uma mulher casada, mas...

- Ele esteve aqui hoje...

- Ele o quê?

- Estou te dizendo só pra encerrar esse episódio triste da nossa vida, Rupert.

- Como ele descobriu...

- Isso não é importante. Ele estava muito arrependido. Como você disse, ele desencanou de mim e veio só pedir desculpas.

- E você desculpou? Antes de tudo... ele entrou aqui?

- Não, ficou no portão, falou comigo lá fora...

Rupert se levantou e andou nervoso pelo quarto.

- Calma, Rupert...

- Você estava sozinha?

- A Tereza estava comigo.

- Ele é um covarde mesmo... ele disse, com as mãos na cintura. – Ele deve ter se informado pra saber que eu não estava em casa e se aproveitou disso.

- Não, ele nem sabia de nada.

- Você acreditou nisso?

- Rupert, senta aqui.

Ele voltou a sentar na cama, nervoso. Ela segurou sua mão.

- Não quero mais falar sobre isso. Estou te contando pra mostrar que não vamos mais mentir pra ninguém e nem pra nós mesmos sobre nada. Quem saiu perdendo foi ele.

- Eu perguntei e você não respondeu: você desculpou ele?

- Eu estou viva, Rupert. Nosso filho está aqui com a gente, saudável. O que ele fez não teve consequências...

- Não teve consequencias? Só eu sei o que eu passei depois do showzinho dele, Laura. Eu passei vinte e quatro horas desesperado, pensando que você fosse morrer!

- Mas não morri, meu amor... Promete pra mim que essa estória acaba aqui.

Ele olhou para Leonardo e balançou a cabeça, não aceitando aquilo.

- Rupert...

O rapaz levantou-se novamente e saiu do quarto. Laura respirou fundo e foi colocar o filho no berço, para fazê-lo dormir.

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Welcome to my dreams...

CAPÍTULO 8

Velucy
Enviado por Velucy em 19/11/2017
Reeditado em 19/11/2017
Código do texto: T6176370
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