Verdade Absoluta existe

O que seria a Verdade Absoluta? Seria apenas uma descrição plena e absolutamente real da realidade e de sua origem. Os demais itens que compõem essa Verdade plena seriam verdades também, mas fragmentos da Verdade Maior.

Mas essa Verdade Maior existe?

Acredito que sim, mas infelizmente não a possuo, apenas creio que é possível chegar a ela.

E é sobre isso que quero falar:

O modo como vemos a realidade depende de consenso coletivo ou podemos crer que é de nosso próprio e exclusivo entendimento?

Somos originais e nossas verdades são apenas nossas e nós, apenas nós, as criamos?

Podemos usar a criatividade à vontade para formularmos nossas verdades e nossa realidade?

Vamor refletir.

Uma criança perdida de seus pais e criada hipoteticamente por lobos, dificilmente será um cientista, pois pensará de si apenas como outro lobo, não é? Do mesmo modo, uma criança abandonada pelos pais e parentes e criada na rua, de que modo essa criança compreenderá a vida? Esse modo será a sua realidade.

Uma criança é um livro em branco escrito por outras pessoas, sejam os pais, amigos, professores, livros, televisão, experiências boas e más, traumas diversos e etc. Um adulto é o resultado final de tudo isso. Ele não é, necessariamente, um fruto das próprias escolhas.

As influências que recebemos é que determinarão o mundo que perceberemos, essa será nossa realidade e nela estarão nossas verdades (um exemplo é a diferença de cosmovisão entre socialistas e capitalistas, cada um vê o mundo de um jeito).

Então essa pessoa terá um mundinho todo seu?

Esse mundinho é verdadeiro?

Observe:

Um racista que acredita que um negro é sub-humano, haverá verdade nisso ou ele apenas aprendeu isso de alguém? Ele possuirá uma verdade ou não?

É evidente que não.

A realidade não depende de nós, ele existe por si mesma e é maior que nós, nosso trabalho é apenas tentar entendê-la e, assim, compreender alguma verdade e aos poucos desvendar a Verdade Maior.

Será possível uma ilusão do tipo "Matrix", onde o mundo que as pessoas vêem e vivem não existe?

Literalmente, não creio nisso, mas acredito que existe, muitas vezes, uma ilusão criada por nós mesmos.

Nossa história de vida nos molda, por isso, conceitos, preconceitos, crenças, descrenças, superstições e etc interferem em nossa visão da realidade. Assim, penso que o que vemos e ouvimos é real, mas o modo como interpretamos o que nossos sentidos nos dizem é que pode nos afastar ou aproximar da realidade.

É aí que surge a ilusão.

Qual o tamanho de nossa realidade?

Certa vez vi uma ilustração interessante, observe:

Imagine uma sala escura com apenas uma mesa e sobre essa mesa um lenço bonito e enfeitado cobrindo alguma coisa, aí, coloca-se um índio bem selvagem nessa sala. Pois bem, esse índio nunca viu uma sala como conhecemos, muito menos um lenço, aliás, nem mesa ele conhece. Então, ficará assustado, olhará para a mesa e verá que algo muito, mas muito estranho está escondido debaixo do lenço, então, desesperado, foge.

Mas aí surge outro índio, da mesma tribo, porém mais curioso e corajoso. Ele entra assustado na sala e tira o lenço que encobria essa “coisa”. Então, ele vê que são talheres comuns, do tipo que nós usamos. Pois bem, ele avançou mais que seu companheiro, entretanto, ele não sabe o que é um talher, nunca viu um, provavelmente pensará que se tratam de objetos mágicos, algo deixado pelos deuses e etc. Mas, nesse caso, qual é a realidade? Aqueles são objetos usados para comer, nada mais que isso. Mas o índio jamais imaginará isso, ou seja, ele está diante da realidade (ela existe por si mesma), mas não a compreende, pois lhe falta algo.

Entende o que quero dizer?

Conhecimento é o que falta ao índio, pois é isso que ampliaria sua cosmovisão.

Nossa compreenção da realidade segue esse mesmo princípio, pois avançamos e nem sempre acertamos, mas a realidade existe mesmo assim, mesmo que não possamos discerni-la com precisão, a realidade não precisa de nós para existir.

Nos falta informação suficiente para descrevê-la e entendê-la, apenas isso.

O que fazer?

A idéia é aumentar ou agregar pontos de vista.

Observe:

Um amigo e eu somos os únicos sobreviventes de um naufrágio, estamos desesperados. Mas no mar, lá longe, tem um barco, mas estou na praia (ao nível do mar), então não o vi, não sei de sua existência.

Em meu ponto de observação, ou seja, em meu ponto de vista, não consigo ver a nossa salvação (o barco). Mas, felizmente, meu amigo está no topo de um coqueiro na praia, então ele consegue ver o barco, pois sua visão alcança uma distância bem maior.

Ficou claro que meu amigo e eu possuimos pontos de vista diferentes e enxergamos uma realidade diferente, pois pra ele o barco existe, mas pra mim, não. Mas a realidade é uma só, pois ela não depende dele e nem de mim, ela existe por si só. Assim, para que eu amplie minha visão, então terei que perguntar a ele o que está vendo, pois, reconheço, que neste momento, uma pessoa pode saber coisas que não sei.

Eu poderia fazer como muitos fazem e usar a criatividade à vontade para formular minhas verdades, criar minha própria realidade, mas seria salvo do naufrágio se fizesse isso?

Posso contar outra historinha?

Dois agentes secretos rivais entram em uma sala, cada um entra por uma porta oposta ao outro. Então percebem que no meio da sala tem uma mesa com uma bomba-relógio, entretanto, cada agente apenas vê um lado da bomba: um deles apenas percebe que ali tem um relógio e nota que vai despertar em 10 minutos, só viu isso. Porém, o outro agente (no lado oposto da sala), apenas viu várias bananas de dinamite conectadas, mas não vê detonador algum. Só viu isso também.

Ainda não sabem que se trata de uma bomba-relógio.

Pontos de vista diferentes, então cada um tem sua verdade exclusiva, única e independente?

A realidade é apenas uma, ou seja, ambos estão diante de uma bomba-relógio que vai detonar em 10 minutos, mas cada um vê apenas parte dessa realidade.

O agente que viu as dinamites diz: “tem uma bomba aqui, mas não há detonador!”. O outro, que é um agente rival e desconfiado, diz: “impossível, só há um relógio aqui, seu mentiroso!”.

Pois bem, o primeiro agente juntou as informações e compreendeu a realidade dos fatos e, obviamente, fugiu. O agente “dono da verdade” ficou e morreu com a explosão.

Concluindo, pra mim, verdades existem e nem sempre estão longe, muitas vezes estão juntinhas de nós, porém nem sempre temos condições de interpretá-la corretamente, pois nem sempre a enxergamos plenamente, por isso, muitas vezes, precisamos de ajuda para entendê-la.

Não possuo a Verdade Absoluta, apenas creio que é possível chegar a ela.

Certa vez alguém disse algo mais ou menos assim:

“Um espelho grande quebrado em cinquenta partes poderá ser distribuído para cinquenta pessoas, mas cada uma não terá o espelho todo, mas apenas uma parte dele. Apenas ajuntando todos os pedaços é que se formará o espelho todo, e será apenas um.”

Visite meu blog: http://pensadorlivre-bill.blogspot.com/