SEGREDO DO VIVER PLENO (Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe. Oscar Wilde).

Só existe vida plena e feliz no limiar da morte, por isso me arrisco tanto. Os que têm medo da morte não vivem as experiências dos superadores da barreira da mesquinhez existencial. A VIDA É MAIS GOSTOSA E FRUITIVA QUANDO VIVEMOS PERTO DA MORTE, DE FORMA QUE PODEMOS CONTEMPLAR SEU MORTÍFERO FULGOR, EXPERIMENTAR SEU GOSTO FATAL, SENTIR SEU FUNESTO CHEIRO, com a certeza que ainda estamos do lado de cá, pelo menos por enquanto. Tudo isso se mistura numa emoção sem par, antes mesmo da sua autoentrega ao pó da terra: Deus absolve o espírito! Parece-me pleonástico dizer sobre a eternidade não morrer, mas o seguinte silogismo é válido: se Deus e seus atributos são eternos; a morte é um atributo de Deus, logo a morte é eterna. É como diz Friedrich Nietzsche: "Até Deus tem um inferno: é o seu amor pelos homens." E no fim último se misturam: morte e prazer, assim disse Paulo Rodrigues: "O coração de um defunto bate mais do que O de um vivo."

Na defesa da vida, há o prazer da morte E VICE-VERSA. E deixar a velha de preto com foice na mão por último é convidá-la para a sobremesa, a parte melhor da refeição universal. Então, comenta Caroline Nunes Souza: "Também acho que quem tem medo da morte não vive, apenas passa pela vida, sem ao menos levar algo dela. Mas, gosto de pensar que todo dia É o meu último dia, pois assim faço tudo o que quero, e tenho tempo de consertar meus erros. Afinal de contas, não podemos ter medo da morte, mas temos que pensar que podemos morrer a qualquer instante". Eu diria que assim se vive melhor.