PEDAGOGIA POR TERRA ("Não existe pedagogia quando o outro está disposto a não aprender a aprender" — Bruno Marinelli)

No calor das reivindicações dos professores do estado de Goiás pelo plano de carreira, fui coagido a refletir no valor do profissional da educação, mais especificamente sobre o pedagogo. Então, perguntei-me por que uma ferrugem corrosiva destrói tanto esse título e trava essa função?

Um formado em pedagogia do Movimento dos sem-terra, no programa deles, respondeu-me: “Seria interessante que os cursos superiores dedicados à formação dos assentados não se limitassem à qualificação de educadores e sim fossem estendidos às diferentes áreas do conhecimento humano e necessidades dos assentamentos. Pensamos que são necessários cursos também na área de agricultura, de saúde, de economia, de direito...” (Aluno da Primeira Turma), (http://jeferson.silva.nom.br/js/pedagogia-da-terra-um-estudo-sobre-a-formacao-superior-de-professores-do-mst/amp/) — acessado em 24/09/2017.

Agora a UFG, também, adotou a "Pedagogia da terra"! Ter um diploma de pedagogia da UFG era um privilégio sem medidas. Só os campeões de uma concorrência exacerbada gozavam dele. Hoje, não, com o advento dos Cursos a distância, cota aos negros, para alunos do colégio público e dos analfabetos funcionais, ENEMs da vida e o descaso do governo desvirtuaram as licenciaturas de lá, todos os sem-terra, sem-teto e sem-...(qualquer coisa) vão ter curso superior em pedagogia facilitada; credenciados a concorrer nos concursos públicos da educação, então teremos uma avalanche de pedagogo na escola pública, logo teremos mais coordenadores que professores. É algo parecido com um desequilíbrio na cadeia alimentar, se matássemos todos as cobras superpovoariam os ratos! Sem esquecermos da "pedagogia parcelada" da UEG e seus efeitos catastróficos à autoestima de muitos que estão fora de sua função. Tudo isso causará uma inchação sem remédio!!

Ironizando ou não, um amigo professor, um excelente professor de geografia, diga se de passagem, com boa formação, ainda no estágio probatório pela educação estadual, disse-me: —"Claudeko, já pensei até em fazer um curso de pedreiro... De tanto que estou insatisfeito nessa profissão. No último sábado, o rapaz colocou 22 metros de cerâmica na minha casa e levou R$ 212,00...Enquanto que no colégio, num dia inteiro de serviço, jamais me rende 70% desse valor.Tem base?"

Eu diria que de jeito nenhum tem base, todavia não me assusta, apenas me indigna, pois sempre tivemos alunos bem mais remunerados do que nós! Mas, preocupa-me a questão: Com que status podemos ser os professores deles!? Além dessa humilhação e do desrespeito social à função, acaçapam-nos ainda mais em um lugar de segregação e também derrubam nossa autoestima, apesar de portarmos um diploma de licenciatura da UFG. Quando aumenta a oferta da mão de obra, o trabalho barateia.